Já parou para pensar de onde vem toda informação contida nos rótulos dos alimentos que consumimos?!
Neste exato momento, ao redor do mundo, diversos produtores, indústrias e laboratórios estão trabalhando para garantir que você tenha as informações necessárias para tomar a melhor decisão em relação a sua alimentação, seja você alérgico a algo ou simplesmente queira optar por produtos com determinadas características.
No Brasil, a rotulagem de alimentos é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio de legislações, as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC), que se aplicam ao âmbito federal e devem ser seguidas por todos os estabelecimentos produtores de alimentos. A RDC Nº 360, de 23 de dezembro de 2003, apesar de já revogada, trouxe o tema de rotulagem e algumas definições. Segundo ela, a rotulagem nutricional facilita ao consumidor conhecer as propriedades nutricionais dos alimentos e tais informações auxiliam a complementar as estratégias e políticas de saúde em benefício da saúde dos consumidores.
No rótulo de todos os alimentos produzidos e embalados na ausência do consumidor, com algumas exceções, deve constar a declaração de nutrientes, englobando dados sobre valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. Também pode trazer uma informação nutricional complementar, contendo informações sobre propriedades nutricionais particulares, muitas vezes referente ao valor energético, conteúdo de proteínas, gorduras, carboidratos e fibra alimentar, por exemplo.
Cada vez mais as pessoas buscam alimentos mais saudáveis e estão atentas à composição deles, sendo, portanto, de extrema importância as informações complementares e a fácil identificação destes itens em uma embalagem. Os termos “Baixo teor de”, “Não contém”, “Fonte de”, “Rico em” são exemplos do que muitos buscam de forma rápida nos rótulos. Além das informações mais corriqueiras e conhecidas como Valor Energético, Açúcares e Gorduras, a Fibra Alimentar vem cada vez mais ganhando destaque.
Segundo a já citada RDC 360, fibra alimentar é “qualquer material comestível que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo humano”. Ou seja, quando são ingeridas, as fibras alimentares não são digeridas e absorvidas no intestino delgado e acabam passando direto para o intestino grosso, onde poderão sofrer fermentação.
Tradicionalmente, a fibra era considerada boa porque agia como uma maneira de “limpar” o sistema digestivo pelo simples processo mecânico de passar por ele. Há, sem dúvida, evidências científicas sólidas para reforçar esse conceito. Os tempos de trânsito intestinal reduzidos garantem um contato reduzido entre compostos cancerígenos e células da mucosa e a fibra alimentar pode se ligar e excretar potenciais carcinógenos luminais, como ácidos biliares secundários.
Mais recentemente, a atenção mudou para a capacidade da fibra de melhorar a saúde geral do intestino, o que tem vários benefícios. Isso ocorre principalmente como resultado da mudança na composição da microbiota intestinal. O intestino grosso contém trilhões de bactérias, existem dez vezes mais bactérias em nosso cólon do que células nativas em nossos corpos. A ingestão de certos componentes de fibra alimentar, nomeadamente prebióticos, pode aumentar as populações relativas de bactérias “saudáveis”, como Bacteroidetes, sobre bactérias “não saudáveis”, como Firmicutes.
Essas mudanças na população podem resultar em níveis aumentados de ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), incluindo ácido butírico, ácido propiônico e ácido acético. São esses AGCCs que se acredita serem responsáveis por muitos dos benefícios à saúde associados à fibra alimentar. Dentre estes benefícios, além da diminuição na absorção de açúcares e gorduras, regulação do trânsito intestinal e sensação de saciedade, alguns estudos mostram que, a longo prazo, a ingestão de fibras ajuda a reduzir riscos de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer de intestino.
Os constituintes da fibra alimentar podem ser subdivididos em diferentes categorias, dependendo do seu peso molecular e solubilidade:
- Solúvel/insolúvel;
- Fermentáveis/não fermentáveis;
- Viscoso/não viscoso;
Mas também podem ser classificados por seus componentes, que se dividem nos grupos:
- Polissacarídeos não amiláceos (celuloses, hemiceluloses, substâncias pécticas, gomas, mucilagens);
- Oligossacarídeos;
- Carboidratos análogos (amido resistente e maltodextrinas resistentes);
- Lignina;
- Compostos associados à fibra alimentar (compostos fenólicos, proteína de parede celular, oxalatos, fitatos, ceras, cutina e suberina);
- Fibras de origem animal (quitina, quitosana, colágeno e condroitina).
Em primeiro lugar, as fibras alimentares de alto peso molecular (HMWDF, em inglês) podem ser subdivididas novamente em fibras dietéticas de alto peso molecular solúveis e insolúveis. Em segundo lugar, temos o amido resistente (RS): distinguem-se cinco categorias diferentes de amido resistente, sendo RS1, RS2, RS3, RS4 e RS5. Finalmente, há a categoria de fibras alimentares de baixo peso molecular (LMWDF, em inglês): todos os diferentes prebióticos pertencem a este grupo. A figura acima mostra também os constituintes típicos da fibra alimentar que pertencem a cada uma das diferentes categorias.
Embora a fibra alimentar seja frequentemente associada a produtos naturais como frutas, vegetais e grãos, uma variedade de alimentos preparados industrialmente de nova geração com adição dessas fibras está atualmente disponível comercialmente, por exemplo, em produtos de panificação, fórmulas infantis e alimentos para bebês, massas, bebidas, bem como em rações e rações para animais de estimação.
Muitos novos produtos são lançados com alegações sobre seu conteúdo de fibra alimentar e efeitos benéficos à saúde. Os fabricantes enriquecem seus produtos com diferentes tipos de fibras como inulina, fruto-oligossacarídeos (FOS), polidextroses e galacto-oligossacarídeos (GOS). O amido resistente, as maltodextrinas resistentes e os beta-glucanos também são considerados fibras alimentares e adicionados aos produtos alimentícios. Por essas razões, o controle de qualidade do produto tornou-se muito importante e levou à necessidade de determinar a quantidade de fibra alimentar contida em produtos e ingredientes. Uma medição correta do teor de fibra alimentar é importante em relação a:
- Rotulagem correta do produto
- Decisões sobre a concessão de rótulos e alegações de saúde
- O teor de fibra alimentar muito baixo em um produto é sempre acompanhado de valores energéticos muito altos do produto
Desde que o método Prosky para medição de fibra alimentar recebeu o credenciamento da AOAC em 1985, ele tem sido amplamente utilizado nos últimos 30 anos como o padrão ouro. É justo dizer que cada método desenvolvido desde então foi baseado em digestões enzimáticas e técnicas gravimétricas semelhantes, que foram ligeiramente alteradas para se tornarem mais eficientes e ou oferecer uma análise mais abrangente da fibra alimentar e seus vários componentes.
A linha Megazyme da NEOGEN, desde 1988, está na vanguarda da inovação no campo da química de cereais. A pesquisa inovadora da Megazyme, liderada pelo professor Barry McCleary, permitiu o desenvolvimento de novos métodos para medir a fibra alimentar e seus componentes. Isso culminou com a publicação dos Métodos McCleary (AOAC 2009.01/2011.25) para Fibra Alimentar Total Integrada e seu sucessor, o Método RINTDF (AOAC 2017.16). Todos os métodos são baseados em incubações enzimáticas e em simulações in vitro da digestão humana, seguidas de análises gravimétricas.
Desde 2019, a Megazyme oferece três kits de ensaio diferentes que medem a fibra alimentar total de acordo com os métodos AOAC (985.29, 991.42, 991.43, 993.19, 2009.01, 2011.25, 2009.01/2011.25 e 2022.01), bem como kits de ensaio e enzimas para a medição dos principais componentes da fibra alimentar, por exemplo amido resistente, polidextrose, dentre outros.
O RINTDF é o método de referência globalmente reconhecido para a medição da fibra alimentar, conforme definido pelo CODEX Alimentarius, e é o único método disponível que mede com precisão todos os componentes da fibra alimentar.
Se você ainda tem dúvidas em relação à fibra alimentar, sua importância, métodos de detecção ou quer saber mais sobre nossos kits, inscreva-se aqui e participe de nosso webinar que será realizado no dia 22/03/2023.
Para maiores informações sobre demais linhas, acesse Megazyme.com ou entre em contato com a equipe da NEOGEN.
Fontes:
Site da Sociedade Brasileira de Diabetes
RDC Nº 360 de 23 de dezembro de 2003
RDC Nº 54 de 12 de novembro de 2012
Jones, J.M. CODEX-aligned dietary fiber definitions help to bridge the ‘fiber gap’. Nutr J 13, 34 (2014). https://doi.org/10.1186/1475-2891-13-34
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