No dia 07/12 aconteceu o 1° Simpósio de Qualidade Seara, em São Paulo, onde foram discutidas tendências nacionais e globais de consumo de alimentos, proteínas, ESG, a relevância do Brasil na produção de alimentos e a importância do MAPA na segurança alimentar e dos alimentos.
O evento contou com a participação do Presidente da Seara, João Campos, da alta liderança da Seara, representantes do MAPA e apoio de entidades de classe, como a ABPA e ABIA, além de parceiros como a USP, fornecedores e clientes da Seara.
Foi um dia de muito aprendizado e troca de conhecimentos, com a oportunidade de provar os lançamentos de produtos plant-based, que sinceramente eu jamais perceberia que não eram de origem animal!
A abertura e organização do evento foi realizada pelo time da Diretora Executiva de Qualidade, P&D e Ciex, Luciara Rech Peil, que apresentou os desafios futuros, como a responsabilidade de prover alimentos, baseada em dados demográficos de que em 2050 projeta-se uma população global de 10 bilhões de pessoas, com perfil mais envelhecido e baixo número de crianças de 0-5 anos.
A complexidade é como produzir alimentos adequados para estes grupos, entender seus hábitos de consumo e garantir o acesso à alimentação saudável para todos, visto que a competição por recursos pode trazer usos insustentáveis dos recursos naturais.
Raquel Ferreira, da consultoria Kantar, trouxe o olhar para as mudanças climáticas, que já causam eventos extremos, impactando a agropecuária e colocando em risco a produção de alimentos. Sem progresso tecnológico e aumento de produtividade, dificilmente teremos como suprir toda a demanda. Ela apresentou dados da FAO, que enfatizam a necessidade de redução do desperdício, pontuando que 30% dos alimentos produzidos acabam no lixo.
Temos grandes desafios e grandes oportunidades para mudar! Durante a pandemia houve uma alteração no padrão de consumo de proteínas, devido ao empobrecimento da população, que levou muitas famílias a migrarem para opções mais baratas, seguindo o efeito ampulheta, mas nunca deixando de consumir proteínas.
Dra. Andrea Figueiredo Procópio de Moura, Superintendente Federal de Agricultura do Estado de São Paulo, apresentou as iniciativas do MAPA. Eles estão trabalhando de perto com as indústrias para garantir a segurança dos alimentos e o acesso à alimentação saudável. Além disso, citou o acompanhamento dos processos devido à lei anti-desmatamento da União Europeia, que pode trazer embargos às exportações para produtores em áreas que tenham sido desmatadas após dezembro de 2020.
Ricardo Santin, presidente da ABPA, falou do Brasil como o celeiro do mundo e da importância do cuidado com as PESSOAS que produzem alimentos, em todas as etapas da cadeia. A indústria alimentícia é das maiores empregadoras do Brasil (4,1 milhões de empregos).
Hoje o Brasil é o maior país exportador de frango e o quarto maior de suínos. Além disso, é o primeiro exportador em culturas como soja, açúcar, laranja e tabaco. Desde 2000 o setor gerou mais de US$165 bilhões em receita cambial, com exportações para mais de 150 países. Em 2021, foram exportados 230 mil contêineres!
A Ásia tende a ser nosso maior cliente e o palestrante enfatizou a importância de desenvolver novos produtos pensando em hábitos de consumo asiáticos. Falou também da importância da versatilidade de produtos à base de proteína e do aumento expressivo de delivery e do consumo doméstico devido à pandemia. Mostrou que o mercado de proteínas alternativas deve crescer, segundo o Rabobank, mas que ainda em proporção muito menor do que proteínas convencionais até 2030; além da importância da desburocratização, reformas trabalhistas, investimentos em P&D e padronização de inspeções.
Dra. Ana Lúcia Viana, diretora do DIPOA/DAS/MAPA, apresentou o organograma do DIPOA, falou da modernização dos serviços de Inspeção Federal, baseada em riscos e ferramentas de gestão e da importância do compartilhamento de responsabilidade com os produtores. Ela explicou como funciona o WikiSDA, portal que consolida os manuais e procedimentos da Secretaria de Defesa Agropecuária, que permitiu o cancelamento de mais de 177 documentos, melhorando a eficiência dos processos do MAPA (consulte https://wikisda.agricultura.gov.br/).
Dr. Al Almanza, Global Head of Food Safety and Quality na JBS USA, falou da importância da Organização Mundial do Comércio e do SPS – acordo sanitário e fitossanitário – para arbitrar casos de barreiras comerciais, que muitas vezes são “mascaradas” de barreiras sanitárias. Explicou os requerimentos do FSIS (Serviço de Inspeção e segurança de alimentos do USDA) para exportações e a importância de fornecedores terem HACCP implementado, programas de controle microbiológico e de contaminantes químicos, entre outros requisitos. Enfatizou que em agosto/22 o USDA passou a considerar que >1 UFC/g de Salmonella em produtos crus de frangos confinados seja considerado como adulterante, devido a uma petição. Segundo ele, foi levada mais em consideração a opinião pública do que realmente o foco em importância epidemiológica e prevalência de sorovares.
Conversamos sobre o futuro da área de qualidade. Ele citou investimentos em projetos de integração de acesso e transferência de informações, para que o consumidor e órgãos regulatórios participem da cadeia produtiva, acompanhando em tempo real, de maneira transparente, os resultados de análises, além do desenvolvimento de softwares de controle de monitoramento ambiental.
ESG: o Futuro agora – José Antonio Ribas, Diretor Executivo de Agro e Sustentabilidade, falou sobre a relevância das iniciativas e investimentos em ESG, contemplando pessoas, bem-estar animal e segurança para garantia da cadeia do Agro, da importância do uso de Inteligência Artificial para redução de falhas e monitoramento de parâmetros como crescimento de animais, conforto término, qualidade de alimentação, entre outros.
No encerramento, houve uma mesa redonda, com debate dos principais tópicos entre os palestrantes.
Foi um dia motivador, um excelente evento! Que seja o primeiro de muitos!
Legenda da foto: Fernando Meller – Diretor Executivo de Recursos Humanos JBS; Luciara Rech Peil – Diretora Executiva Qualidade, P&D e Ciex; Carolina Reichert – Gerente Executiva Planejamento da Qualidade; Carlos Alberto Macedo Cidade – Diretor de Relações Institucionais JBS e José Antonio Ribas Junior – Diretor Executivo de Agro e Sustentabilidade na Seara