Em post anterior vimos que a certificação IFS por reforçou algo que já deveria ser conhecido pelos gestores de empresas de alimentos: falhas de food defense! Assim, com o intuito de auxiliá-los, caros leitores, seguem dicas:
Podem separar o procedimento de proteção dos alimentos (food defense) em um POP único, do de Incidentes e Crises, onde destaquem as adulterações intencionais, realizando uma análise de vulnerabilidade como sabotagem e vandalismo com as situações em que poderiam ocorrer e quais medidas preventivas, descrevendo as ações que devem ser tomadas em casos de alimentos sabotados.
Pensem em descrever situações de ameaças como:
– CAPACIDADE: Habilidade destes potenciais agressores de colocar em prática uma ameaça.
– INTENÇÃO: Planejamento para afetar pessoas, produtos ou a marca.
– ATIVIDADE: Atividades terroristas ou de sabotagem demonstradas ao longo do tempo.
– DIRECIONAMENTO: Grupos com objetivos específicos a serem alcançados.
– AMBIENTE: Considerações locais, políticas e o próprio ambiente de segurança da empresa.
– EXISTÊNCIA: Presença de algum potencial grupo agressor.
Tipos de agressores:
– TERRORISTAS: Grupos bem organizados e com planejamento sofisticados, motivados por uma crença ou causa maior.
– CRIMINOSOS: Qualificados ou não; geralmente interesses financeiros.
– PROTESTANTES: Chamar a atenção para uma causa específica. Ex. questões ambientais.
– EMPREGADOS OU TERCEIROS INSATISFEITOS: Pessoas de dentro da organização, incluindo-se aqueles com algum tipo de distúrbio.
– SABOTADORES: Algum interesse particular ou econômico, incluindo-se aqui roubo de informações.
Na equipe/comitê de Food Defense coloque as seguintes responsabilidades:
– Assegurar que um plano eficaz de Food Defense está desenvolvido e implementado
– Determinar o nível de segurança física a ser adotado com base nas avaliações de ameaças e vulnerabilidades
– Assegurar que todos os procedimentos relacionados estão sendo seguidos
– Avaliar o desempenho do sistema de Food Defense (inspeções e auditorias)
– Experts externos podem ser necessários para auxiliar a equipe em aspectos específicos de segurança.
ESTABELECIMENTO DE PROGRAMA DE FOOD DEFENSE considerar:
– Edificação e instalações: Cercas e portões – localização, altura, tipo e instalação. Estacionamento de empregados e visitantes. Iluminação externa e interna. Circuito Fechado de Televisão (CFTV) – tipos de câmera, sistemas de registro e considerações quanto à localização. Sistemas de detecção de intrusos. Serviços de guarda. Sistema de abastecimento de água. Acesso a telhados. Portas externas.
– Controle de Acesso: Regras para visitantes. Sinalizações de acesso restrito. Acesso por chaves (controles: inventário, regras para guarde de chaves, proibição de duplicação). Cartões de acesso. Códigos de acesso.
Cartões de aproximação. Leitores biométricos (retina, iris, digitais, etc.).
– Segurança para Armazenamento e Transporte: Motoristas (controle de acesso, regras e locais específicos). Materiais recebidos (lacres, identificação e quantidades de acordo com documentação, sinais de adulteração de embalagens, desvios de temperatura – intencionais ou não). Estocagem de Produtos (quantidades, adulterações de embalagens, temperaturas, presença de pessoas ou materiais estranhos). Estoques granel. Sistemas de amônia (sinais de vandalismo). Alguns aspectos importantes a serem considerados: produtos químicos (controle do acesso e uso, inventários, eliminação de produtos químicos desnecessários). Condições de veículos (condições, materiais estranhos, odores, lacres).
– Segurança de Pessoal e Recursos Humanos: Seleção de novos empregados (históricos, antecedentes). Avaliação de comportamentos agressivos no trabalho. Controles de acessos. Políticas para armários e vestiários
(incluindo inspeção periódica). Treinamento e conscientização básicos em Food Defense: compreensão do porque dos programas e estimulo a colaborar. Ex. notificação de pessoas estranhas nas áreas. Avaliação de clima
organizacional: indicador.
– Relação com Fornecedores: Comunicação ao fornecedores sobre os requisitos relacionados a Food Defense como parte dos requisitos de fornecimento; Postura positiva e cooperativa junto ao fornecedor com relação ao tema;
Auditorias: não impor regras muito específicas para as instalações do fornecedor. Estimular a implementação da avaliação de ameaças e vulnerabilidades e de medidas de controle de acordo com o princípio de
proporcionalidade; Requerimentos específicos podem ser adotados em alguns temas. Ex. transporte, lacração, identificação, rastreabilidade e outros pertinentes; Terceiros que operam dentro da organização: controles de
acesso, identificação e orientações gerais.
– Segurança da Informação: Procedimentos e regras documentados para segurança de Tecnologia de Informação; Acesso a informação também pode por em risco o produto. Ex. formulações, controles de processo, aumento do domínio e do conhecimento sobre o processo produtivo aumentando o potencial de sabotagens; Áreas com acesso a computadores ou servidores devem ser consideradas críticas (controle de acesso). A responsabilidade é de todos.
Considerar a inclusão de pessoal de TI na Equipe de Food Defense.
– Rastreabilidade e Recall: Procedimento de rastreabilidade implementado e correlacionado com o programa de Food Defense, onde aplicável. Exemplos: No caso de sabotagens em processo é possível rastrear os operadores relacionados às diferentes etapas? Rastreabilidade de matérias-primas suspeitas (ascendente e descendente). Horários de processo X registros de acesso de pessoal. Lotes de produtos finais afetados para facilitar os processos de recolhimento e recall. Procedimento de recolhimento e recall documentado e implementado incluindo:
– Responsabilidades
– Notificação de partes relevantes interessadas (incluindo agências regulatórias)
– Manuseio de produtos recolhidos bem como lotes afetados dos produtos ainda em estoque
– A sequência de ações a serem tomadas
A causa, extensão e resultado de um recolhimento devem ser registrados e relatados à Alta Direção como entrada da análise crítica pela direção. Deve verificar e registrar a eficácia do programa de recolhimento através do uso de técnicas apropriadas (ex. mock recall).
– Gestão de Crises e Resposta a Emergências: No caso de uma notificação de ameaça ou ataque:
– Como a organização gerencia a situação?
– Que ações imediatas são tomadas?
– Quem é notificado? Organismos regulamentares são envolvidos?
Sempre considerar os seguintes aspectos em um procedimento de gestão de crises:
– Coordenação
– Controle
– Comunicação
No caso de situações emergenciais, avaliar também os impactos relacionados a Food Defense:
No caso de uma evacuação por qualquer motivo, os procedimentos de resposta a emergências incluem medidas de proteção aos produtos? Ex. armazéns, áreas de
produção com produto em processo, acesso a áreas evacuadas, etc. No caso de acidentes, há investigação posterior sobre possíveis causas propositais?
Ex. vazamentos de amônia.
Nas INSPEÇÕES DE SEGURANÇA (auditorias internas) devem incluir esses aspectos:
As auto-inspeções de Food Defense podem ter um caráter mais focado e pontual que as auditorias, com foco em assuntos mais específicos.
Tendência a serem realizadas de maneira mais frequente, com alguns tipos de verificações podendo ser até diárias.
O uso de listas de verificação detalhadas com pontos de checagem específicos é fortemente recomendado.
O foco maior está na adequação das estruturas físicas e nas rotinas de segurança.
Correções devem ser tomadas no caso desvios e Ações corretivas devem ser consideradas.
Pontos específicos a serem cobertos pelas auto-inspeções:
ÁREAS EXTERNAS
Cercas e portões
Redondezas
Prédios externos
Abastecimento de água
Acesso a telhados
Estacionamento de empregados
Iluminação
Portas de acesso
As auditorias internas do Programa de Food Defense têm um caráter mais geral e amostral, cobrindo aspectos diversos do programa.
Tendência a serem realizadas com uma frequência mais espaçada como por exemplo anual e semestral.
Recomenda-se o uso de listas de verificação.
Recomenda-se a geração de um relatório de auditoria para avaliação pela equipe de Food Defense
Ações corretivas devem ser tomadas para o caso de não conformidades.
Seguindo esses passos, as falhas de food defense mais comuns deixam de levá-los à não conformidades maiores e portanto “balançar” a obtenção de uma certificação de segurança de alimentos, como a IFS.”
Nell
Ótimas dicas!!
Muito rico em informações, referências, legislações!
Matéria e site em geral!!
Fiquei fã!!!
Marcelo Garcia
Nell, aproveite e torne-se assinante, é gratuito! E agradecemos as palavras de incentivo!
Alexsandra Nogueira Ferreira
Quem deve ser indicado para assumir como coordenador de Food Defense? Quais cargos ou pré-requisitos?
alexsandranog@hotmail.com
Cíntia Malagutti
Olá Alexsandra,
Obrigada por participar. Sobre seu questionamento: “Quem deve ser indicado para assumir como coordenador de Food Defense?” Deve ser Colaborador com
disponibilidade para participar, indicado pela Alta Direção, com poder de decisão. capaz de montar e implantar um plano eficaz de Food Defense, assim como, assegurar que todos os procedimentos relacionados estão sendo seguidos e avaliando o desempenho do sistema de Food Defense (inspeções e auditoria).
Sobre: “Quais cargos ou pré-requisitos?” Devem avaliar todo o pessoal que deve ter responsabilidade para reportar problemas relacionados com o SGSA à pessoas designadas. O pessoal designado deve ter responsabilidade e autoridade definidas para iniciar e registrar ações.
Sobre: “Quais cargos ou pré-requisitos?” Devem ter a compreensão de conceitos sobre Food Defense, ter treinamento e seminários constantes com empresas profissionais da área de segurança e fundamentos de Food Safety para todos os membros, independentemente de sua atuação.
Rafaela
Boa tarde! Tenho interesse em realizar cursos sobre Food Defense. Quando procuro no GOOGLE aparecem várias empresas que oferecem esse curso (on line e presencial). Poderia indicar as melhores empresas para eu realizar o curso (brasileiras e estrangeiras). Obrigada
Cíntia Malagutti
Olá Rafaela, boa noite! Infelizmente por nossa política, não indicamos institucionalmente profissionais ou empresas.
Dayra Rosa
Boa noite, Cintia vou começar a fazer o POP Food Fraud, você tem alguma modelo que eu possa me embasar para fazer o da empresa que trabalho, pois estou meio perdida com tanta informações que não estou conseguindo montar o procedimento, se pode me ajudar serei muito grata. meu email. dayrata@gmail.com
Sergio Bueno
Cinthia !!
Parabéns pelo artigo e dicas, como podemos entrar em contato?
Hoje estamos atuando em empresa certificada em 22000.
Cíntia Malagutti
Bom dia Sérgio, que legal ter gostado. Continue nos seguindo! Abraços. Infelizmente por nossa política, não indicamos institucionalmente profissionais ou empresas.
Janici
Bom dia, Cinthia!!!
O conteúdo publicado é muito rico em informações, e me ajudou muito. Trabalho em uma indústria de alimentos e estou implantando o Food defense, você teria algum modelo do documento para me encaminhar?
janicefiss@gmail.com
Grata!
Cíntia Malagutti
Bom dia Janici! Obrigada por interagir conosco. Infelizmente não podemos enviar modelos de documentos, mas fica a dica como sugestão de um post com mais detalhes para um procedimento. Obrigada.
Jailson Apolônio da Silva
Boa noite Cíntia.
Parabéns pelo post, estou ingressando na área de qualidade e percebi que os desafios para gestores desta são imensos.
Terei de implantar o food defense onde trabalho.
Se possível também tenho interesse num modelo de POP.
jailsonapolonio@hotmail.com
Cíntia Malagutti
´Bom dia Jailson, infelizmente não disponibilizamos modelos de documentos, mas consegues pegar um guia de 10/04/18 na página da FSSC22.000 em esquema, baixar arquivos ao final da página. Abraços.
Antonio Sérgio Moreira
Sobre Food safety. Somos uma Industria Gráfica nosso produto principal é RÓTULO que vendemos para empresa alimentícia colar no seu frasco. O cliente do ramo alimentício deu a nós uma não conformidade por não ter um certificado de “Food Safety”, mas não produzimos alimentos porque deveria ter este certificado de Segurança alimentar? É possível o auditor ter se equivocado por ele ser do ramo alimentício e julgar que toda a cadeia de fornecedores deva ter. Como tratar essa situação?