Dicas para elaborar um procedimento de Food Defense – uma ameaça real…

5 min leitura

Em post anterior vimos que a certificação IFS por reforçou algo que já deveria ser conhecido pelos gestores de empresas de alimentos: falhas de food defense! Assim, com o intuito de auxiliá-los, caros leitores, seguem dicas:

 Podem separar o procedimento de proteção dos alimentos (food defense) em um POP único, do de Incidentes e Crises, onde destaquem as adulterações intencionais, realizando uma análise de vulnerabilidade como sabotagem e vandalismo com as situações em que poderiam ocorrer e quais medidas preventivas, descrevendo as ações que devem ser tomadas em casos de alimentos sabotados.

 Pensem em descrever situações de ameaças como:

– CAPACIDADE: Habilidade destes potenciais agressores de colocar em prática uma ameaça.

– INTENÇÃO: Planejamento para afetar pessoas, produtos ou a marca.

– ATIVIDADE: Atividades terroristas ou de sabotagem demonstradas ao longo do tempo.

– DIRECIONAMENTO: Grupos com objetivos específicos a serem alcançados.

– AMBIENTE: Considerações locais, políticas e o próprio ambiente de segurança da empresa.

– EXISTÊNCIA: Presença de algum potencial grupo agressor.

 Tipos de agressores:

– TERRORISTAS: Grupos bem organizados e com planejamento sofisticados, motivados por uma crença ou causa maior.

– CRIMINOSOS: Qualificados ou não; geralmente interesses financeiros.

– PROTESTANTES: Chamar a atenção para uma causa específica. Ex. questões ambientais.

– EMPREGADOS OU TERCEIROS INSATISFEITOS: Pessoas de dentro da organização, incluindo-se aqueles com algum tipo de distúrbio.

– SABOTADORES: Algum interesse particular ou econômico, incluindo-se aqui roubo de informações.

 Na equipe/comitê de Food Defense coloque as seguintes responsabilidades:

– Assegurar que um plano eficaz de Food Defense está desenvolvido e implementado

– Determinar o nível de segurança física a ser adotado com base nas avaliações de ameaças e vulnerabilidades

– Assegurar que todos os procedimentos relacionados estão sendo seguidos

– Avaliar o desempenho do sistema de Food Defense (inspeções e auditorias)

– Experts externos podem ser necessários para auxiliar a equipe em aspectos específicos de segurança.

 

ESTABELECIMENTO DE PROGRAMA DE FOOD DEFENSE considerar:

– Edificação e instalações: Cercas e portões  – localização, altura, tipo e instalação. Estacionamento de empregados e visitantes. Iluminação externa e interna. Circuito Fechado de Televisão (CFTV) – tipos de câmera, sistemas de registro e considerações quanto à localização. Sistemas de detecção de intrusos. Serviços de guarda. Sistema de abastecimento de água. Acesso a telhados. Portas externas.

– Controle de Acesso: Regras para visitantes. Sinalizações de acesso restrito. Acesso por chaves (controles: inventário, regras para guarde de chaves, proibição de duplicação). Cartões de acesso. Códigos de acesso.

Cartões de aproximação. Leitores biométricos (retina, iris, digitais, etc.).

– Segurança para Armazenamento e Transporte: Motoristas (controle de acesso, regras e locais específicos). Materiais recebidos (lacres, identificação e quantidades de acordo com documentação, sinais de adulteração de embalagens, desvios de temperatura – intencionais ou não). Estocagem de Produtos (quantidades, adulterações de embalagens, temperaturas, presença de pessoas ou materiais estranhos). Estoques granel. Sistemas de amônia (sinais de vandalismo). Alguns aspectos importantes a serem considerados: produtos químicos (controle do acesso e uso, inventários, eliminação de produtos químicos desnecessários). Condições de veículos (condições, materiais estranhos, odores, lacres).

– Segurança de Pessoal e Recursos Humanos:  Seleção de novos empregados (históricos, antecedentes). Avaliação de comportamentos agressivos no trabalho. Controles de acessos. Políticas para armários e vestiários

(incluindo inspeção periódica). Treinamento e conscientização básicos em Food Defense: compreensão do porque dos programas e estimulo a colaborar. Ex. notificação de pessoas estranhas nas áreas.  Avaliação de clima

organizacional: indicador.

– Relação com Fornecedores: Comunicação ao fornecedores sobre os requisitos relacionados a Food Defense como parte dos requisitos de fornecimento; Postura positiva e cooperativa junto ao fornecedor com relação ao tema;

 

Auditorias: não impor regras muito específicas para as instalações do fornecedor. Estimular a implementação da avaliação de ameaças e vulnerabilidades e de medidas de controle de acordo com o princípio de

proporcionalidade; Requerimentos específicos podem ser adotados em alguns temas. Ex. transporte, lacração, identificação, rastreabilidade e outros pertinentes; Terceiros que operam dentro da organização: controles de

acesso, identificação e orientações gerais.

– Segurança da Informação: Procedimentos e regras documentados para segurança de Tecnologia de Informação; Acesso a informação também pode por em risco o produto. Ex. formulações, controles de processo, aumento do domínio e do conhecimento sobre o processo produtivo aumentando o potencial de sabotagens; Áreas com acesso a computadores ou servidores devem ser consideradas críticas (controle de acesso). A responsabilidade é de todos.

Considerar a inclusão de pessoal de TI na Equipe de Food Defense.

– Rastreabilidade e Recall: Procedimento de rastreabilidade implementado e correlacionado com o programa de Food Defense, onde aplicável. Exemplos: No caso de sabotagens em processo é possível rastrear os  operadores relacionados às diferentes etapas? Rastreabilidade de matérias-primas suspeitas (ascendente e descendente). Horários de processo X registros de acesso de pessoal.  Lotes de produtos finais afetados para facilitar os processos de recolhimento e recall. Procedimento de recolhimento e recall documentado e implementado incluindo:

       – Responsabilidades

       – Notificação de partes relevantes interessadas (incluindo agências regulatórias)

       – Manuseio de produtos recolhidos bem como lotes afetados dos produtos ainda em estoque

       – A sequência de ações a serem tomadas

A causa, extensão e resultado de um recolhimento devem ser registrados e relatados à Alta Direção como entrada da análise crítica pela direção. Deve verificar e registrar a eficácia do programa de recolhimento através do uso de técnicas apropriadas (ex. mock recall).

 

– Gestão de Crises e Resposta a Emergências: No caso de uma notificação de ameaça ou ataque:

– Como a organização gerencia a situação?

– Que ações imediatas são tomadas?

–  Quem é notificado? Organismos regulamentares são envolvidos?

Sempre considerar os seguintes aspectos em um procedimento de gestão de crises:

– Coordenação

– Controle

– Comunicação

No caso de situações emergenciais, avaliar também os impactos relacionados a Food Defense:

No caso de uma evacuação por qualquer motivo, os procedimentos de resposta a emergências incluem medidas de proteção aos produtos? Ex. armazéns, áreas de

produção com produto em processo, acesso a áreas evacuadas, etc. No caso de acidentes, há investigação posterior sobre possíveis causas propositais?

Ex. vazamentos de amônia.

 

Nas INSPEÇÕES DE SEGURANÇA (auditorias internas) devem incluir esses aspectos:

As auto-inspeções de Food Defense podem ter um caráter mais focado e pontual que as auditorias, com foco em assuntos mais específicos.

Tendência a serem realizadas de maneira mais frequente, com alguns tipos de verificações podendo ser até diárias.

O uso de listas de verificação detalhadas com pontos de checagem específicos é fortemente recomendado.

O foco maior está na adequação das estruturas físicas e nas rotinas de segurança.

Correções devem ser tomadas no caso desvios e Ações corretivas devem ser consideradas.

 

Pontos específicos a serem cobertos pelas auto-inspeções:

       ÁREAS EXTERNAS

       Cercas e portões

       Redondezas

       Prédios externos

       Abastecimento de água

       Acesso a telhados

       Estacionamento de empregados

       Iluminação

       Portas de acesso

 

As auditorias internas do Programa de Food Defense têm um caráter mais geral e amostral, cobrindo aspectos diversos do programa.

  Tendência a serem realizadas com uma frequência mais espaçada como por exemplo anual e semestral.

  Recomenda-se o uso de listas de verificação.

  Recomenda-se a geração de um relatório de auditoria para avaliação pela equipe de Food Defense

  Ações corretivas devem ser tomadas para o caso de não conformidades.

 

Seguindo esses passos, as falhas de food defense mais comuns deixam de levá-los à não conformidades maiores e portanto “balançar” a obtenção de uma certificação de segurança de alimentos, como a IFS.”

14 thoughts on

Dicas para elaborar um procedimento de Food Defense – uma ameaça real…

  • Nell

    Ótimas dicas!!
    Muito rico em informações, referências, legislações!
    Matéria e site em geral!!
    Fiquei fã!!!

    • Marcelo Garcia

      Nell, aproveite e torne-se assinante, é gratuito! E agradecemos as palavras de incentivo!

  • Alexsandra Nogueira Ferreira

    Quem deve ser indicado para assumir como coordenador de Food Defense? Quais cargos ou pré-requisitos?

    alexsandranog@hotmail.com

    • Cíntia Malagutti

      Olá Alexsandra,

      Obrigada por participar. Sobre seu questionamento: “Quem deve ser indicado para assumir como coordenador de Food Defense?” Deve ser Colaborador com
      disponibilidade para participar, indicado pela Alta Direção, com poder de decisão. capaz de montar e implantar um plano eficaz de Food Defense, assim como, assegurar que todos os procedimentos relacionados estão sendo seguidos e avaliando o desempenho do sistema de Food Defense (inspeções e auditoria).

      Sobre: “Quais cargos ou pré-requisitos?” Devem avaliar todo o pessoal que deve ter responsabilidade para reportar problemas relacionados com o SGSA à pessoas designadas. O pessoal designado deve ter responsabilidade e autoridade definidas para iniciar e registrar ações.

      Sobre: “Quais cargos ou pré-requisitos?” Devem ter a compreensão de conceitos sobre Food Defense, ter treinamento e seminários constantes com empresas profissionais da área de segurança e fundamentos de Food Safety para todos os membros, independentemente de sua atuação.

  • Rafaela

    Boa tarde! Tenho interesse em realizar cursos sobre Food Defense. Quando procuro no GOOGLE aparecem várias empresas que oferecem esse curso (on line e presencial). Poderia indicar as melhores empresas para eu realizar o curso (brasileiras e estrangeiras). Obrigada

    • Cíntia Malagutti

      Olá Rafaela, boa noite! Infelizmente por nossa política, não indicamos institucionalmente profissionais ou empresas.

  • Dayra Rosa

    Boa noite, Cintia vou começar a fazer o POP Food Fraud, você tem alguma modelo que eu possa me embasar para fazer o da empresa que trabalho, pois estou meio perdida com tanta informações que não estou conseguindo montar o procedimento, se pode me ajudar serei muito grata. meu email. dayrata@gmail.com

  • Sergio Bueno

    Cinthia !!

    Parabéns pelo artigo e dicas, como podemos entrar em contato?

    Hoje estamos atuando em empresa certificada em 22000.

    • Cíntia Malagutti

      Bom dia Sérgio, que legal ter gostado. Continue nos seguindo! Abraços. Infelizmente por nossa política, não indicamos institucionalmente profissionais ou empresas.

  • Janici

    Bom dia, Cinthia!!!
    O conteúdo publicado é muito rico em informações, e me ajudou muito. Trabalho em uma indústria de alimentos e estou implantando o Food defense, você teria algum modelo do documento para me encaminhar?
    janicefiss@gmail.com

    Grata!

    • Cíntia Malagutti

      Bom dia Janici! Obrigada por interagir conosco. Infelizmente não podemos enviar modelos de documentos, mas fica a dica como sugestão de um post com mais detalhes para um procedimento. Obrigada.

  • Jailson Apolônio da Silva

    Boa noite Cíntia.
    Parabéns pelo post, estou ingressando na área de qualidade e percebi que os desafios para gestores desta são imensos.
    Terei de implantar o food defense onde trabalho.
    Se possível também tenho interesse num modelo de POP.
    jailsonapolonio@hotmail.com

    • Cíntia Malagutti

      ´Bom dia Jailson, infelizmente não disponibilizamos modelos de documentos, mas consegues pegar um guia de 10/04/18 na página da FSSC22.000 em esquema, baixar arquivos ao final da página. Abraços.

  • Antonio Sérgio Moreira

    Sobre Food safety. Somos uma Industria Gráfica nosso produto principal é RÓTULO que vendemos para empresa alimentícia colar no seu frasco. O cliente do ramo alimentício deu a nós uma não conformidade por não ter um certificado de “Food Safety”, mas não produzimos alimentos porque deveria ter este certificado de Segurança alimentar? É possível o auditor ter se equivocado por ele ser do ramo alimentício e julgar que toda a cadeia de fornecedores deva ter. Como tratar essa situação?

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