Desinfecção de indústrias de alimentos após enchentes no RS

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Até o dia 23.05.2024, após enchentes, o Rio Grande do Sul registrava 1.072 notificações de leptospirose, com 54 casos confirmados e 4 mortes para a doença (veja aqui).

A leptospirose é uma zoonose, termo que abrange as enfermidades que são passadas dos animais aos seres humanos. O contato com infectados pode acarretar outras zoonoses, como a raiva, hepatite de todos os tipos e diversas clostridioses — bactérias no trato intestinal dos animais que podem contaminar os humanos a partir das fezes, causando problemas gastrointestinais no ser humano (detalhes aqui). Ratos, porcos e outros animais ficam ilhados e morrem afogados.

Neste momento, com a diminuição do nível de água das enchentes, muitas indústrias de alimentos enfrentam um enorme desafio ao retornarem às suas atividades. Como eliminar a gigantesca carga microbiana patogênica que pode ter se alojado em cada centímetro quadrado de suas instalações?

Duas engenheiras de alimentos especializadas em serviços de alimentação coletiva compilaram um excelente GUIA PARA HIGIENIZAR E RETOMAR AS OPERAÇÕES DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO PÓS-ENCHENTES, fundamentado nas orientações do FDA – Food and Drugs Administration – direcionadas às pessoas afetadas pelo furacão Katrina nos EUA. Segue o link do Guia: Guia Retomada RS

A sequência de ações que o guia recomenda é:

  • Informar-se com a Defesa Civil, Bombeiros, Brigada Militar e SAMU sobre interdições, riscos elétricos e riscos sanitários
  • Proteja-se: Use os EPIs necessários
  • Faça a remoção da sujeira
  • Faça a limpeza
  • Faça a desinfecção: considerar o lava-jato com solução clorada ou água hiperzonizada ou ácido peracético ou peróxido de hidrogênio ou a clorexidina ou quaternário de amônio.

Entretanto, uma indústria de alimentos precisa avaliar se todas as superfícies das instalações, equipamentos, móveis e acessórios foram efetivamente descontaminadas. Há que se considerar que não se pode direcionar o lava jato para painéis elétricos ou eletrônicos, luminárias e equipamentos que não possuem proteção contra a água.

A empresa pode fazer swab de superfícies e, se constatar contaminação, deve procurar soluções mais profundas e eficazes. Dentre elas podemos citar a NEBULIZAÇÃO.

A nebulização, conhecida também como aerossolização, é uma técnica que pode ser indicada nesse caso pois promove a cobertura 3D do ambiente de forma uniforme, garantindo assim a descontaminação de locais de difícil acesso. É uma técnica subutilizada na área de alimentos, sendo bastante difundida na área médica para descontaminação de ambientes hospitalares.

Controle de Salmonella em ovos com névoa ozonizada

A nebulização baseia-se na difusão do agente sanitizante líquido em uma névoa fina pelo ar. A difusão em névoa fina resulta em quantidades menores de solução desinfetante se comparada à aplicação da forma líquida nas superfícies, possibilitando redução dos custos relacionados aos produtos químicos e ao consumo de água.

Equipamento de nebulização de ambientes

Sala de produção sendo nebulizada

A tabela abaixo mostra possíveis produtos usados na nebulização:

  Produtos Concentração Vantagens Desvantagens
 Digluconato de Clorexidina 1000 a 2000 mg/L Eficaz com todos os microrganismos patogênicos Alto custo com equipamentos e produtos químicos. Deve-se isolar a área para evitar riscos à saúde dos manipuladores. Além disso, não deve haver produção de alimentos, para evitar contaminações químicas nos produtos.
 Ácido Peracético 45 e 75 mg/L Eficaz com todos os microrganismos patogênicos
 Quaternário de Amônio 700 e 1200 mg/L Eficaz com todos os microrganismos patogênicos
  Névoa Ozonizada 35mg/L Eficaz com todos os microrganismos patogênicos. Bastam 10 segundos de névoa ozonizada a 35mg/L para eliminar até o coronavírus, que é difícil de eliminar.

Não precisa isolar a área pois a névoa pode ser respirada.

Não há custo com produtos químicos pois o ozônio e gerado no local a partir do oxigênio

Alto custo com equipamentos

 

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