Como avaliar a qualidade do ar ambiente em indústrias de alimentos

2 min leitura

Cuidar da qualidade do ar industrial também é tarefa importante e indispensável para garantia da segurança dos alimentos. Sua contaminação pode acarretar impactos negativos na qualidade do produto final, principalmente dos perecíveis e embalagens, na segurança do consumidor e, também, na saúde daqueles que ali exercem suas funções.

No Brasil não temos uma legislação específica que determine os parâmetros de qualidade de ar de indústrias de alimentos, no entanto há uma legislação em vigor, a RDC n° 9 de 16 de janeiro de 2003 da ANVISA, que determina os Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo, servindo como diretiva para avaliação do ar nas indústrias. Nesta Resolução encontramos valores de referência para avaliação da qualidade microbiológica do ar ambiente apresentando o Valor Máximo Recomendável (VMR). Os resultados também podem ser comparados às especificações ou às recomendações propostas por órgãos oficiais ou por entidades científicas conceituadas. A empresa americana American Public Health Association (APHA) recomenda máximo 3×10/cm² de microrganismos. Já a Organização Pan–Americana de Saúde recomenda máximo 1×10²/cm²  de microrganismos. 

Um dos métodos utilizados para verificar a qualidade higiênico-sanitária do ar ambiente industrial é a técnica de sedimentação do ar em placas de Petri contendo meio de cultura específico para o tipo de microrganismo que se deseja verificar, e em pontos determinados. Geralmente os microrganismos avaliados são os mesófilos aeróbios e/ou bolores e leveduras. Existem, também, equipamentos que fazem a sucção do ar para uma placa de Petri com o meio de cultura, sendo o resultado apresentado em UFC/ft³.

Importante mencionar que estes dois métodos são eficientes para avaliação da qualidade do ar e ações corretivas ou de melhoria nas práticas de higiene no ambiente industrial, caso os resultados não sejam satisfatórios.

Pesquisei alguns trabalhos científicos relacionados a este tema e encontrei dois estudos interessantes sobre a qualidade do ar industrial em diferentes tipos de segmentos produtivos, os quais podem auxiliar no planejamento de monitoramento. Um deles foi realizado pela Universidade do Estado da Paraíba e pode ser visto aqui. O outro, realizado pelo Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa, pode ser consultado aqui

9 thoughts on

Como avaliar a qualidade do ar ambiente em indústrias de alimentos

  • Luis Fernando

    Oi Anelise!
    Muito bom seu post!
    Uma dúvida: Como a APHA e a Org. Panamericana de Saúde recomendam X microrganismos por centímetro quadrado?
    Não deveria ser por centímetro ou metro cúbico?
    Ou esses centímetros quadrados é a área da placa de petri?
    O metodo que eles recomendam é a exposição das placas sem fluxo de ar?
    Obrigado!

  • Anellize Lima

    Olá Luis Fernando, boa tarde. Agradeço pela participação. Em uma das empresas que trabalhei realizava essa análise de monitoramento e utilizava um equipamento para sucção do ar, no qual eu determinava o volume de ar sugado, e a expressão do resultado final da análise era dado em UFC/ft3. Como eu não tive sucesso em pesquisas no Compendium de métodos da APHA (existe um custo para o download) enviei esse questionamento ao centro de pesquisa da Universidade de Viçosa para o departamento responsável por um dos artigos que inseri no post. Assim que obtiver a resposta compartilho. Obrigada

  • Rosemeire Bueno

    Olá Anelise!
    Eu também te parabenizo pelo post mas ainda tenho uma dúvida, que é muito semelhante a do Sr. Luis Fernando.
    A RDC n° 9 cita que o Valor Máximo Recomendável – VMR, para contaminação microbiológica deve ser 750 ufc/m3 de fungos. Para obter o valor em m3, deve-se utilizar um equipamento que determina o número de fungos em um determinado volume de ar. Está correto? Se eu utilizar a técnica de sedimentação espontânea eu consigo determinar o valor em m3? Eu já vi duas fórmulas diferentes para fazer essa conversão assim como a representação do resultado dado em cm/ tempo de exposição. O método de sedimentação espontânea pode ser utilizado? E como faço a comparação dos resultados com a RDC? Muito obrigada!

    • Anellize Lima

      Olá Resemeire, bom dia e obrigada pela sua participação. Bom, vamos por partes! Para expressarmos o resultado em UFC/m3 é mais adequado utilizar um equipamento que faz a sucção do ar (método de filtragem)para uma placa de petri sendo possível determinar o volume de ar desejado. Pelo método de sedimentação não conseguimos expressar os resultados diretos em medidas de volume, pois não há como saber o quanto de ar passou por ali. Sabemos que existem trabalhos que apresentam fórmulas de correlação, mas não encontrei nenhum acadêmico nem a origem dessa fórmula. Caso você tenha o equipamento (amostrador biológico de ar) pode ser feito um trabalho comparativo, mas, mesmo assim, acredito que no método de filtragem os resultados são mais confiáveis, visto que o no método de sedimentação podemos ter várias influencias, principalmente a movimentação de pessoas, maquinários próximos ao local da amostragem. Essas informações são de acordo com minhas pesquisa e experiência, no entanto vou entrar em contato com a Anvisa pra termos mais informações. Espero tê-la ajudado.

  • Airton Lima

    Ola Dra. Anelise
    gostaria de saber se exite legislação para ar ambiente não climatizado para a industria, exemplo com fabricação de biscoitos, bolachas e macarrão.
    ou pode usar como referencia a da Resolução 9 do ar climatizado.
    grato
    Airton Lima

    • Anellize Lima

      Olá Airton,
      A CVS 05/2013, na seção 3, menciona que o sistema de ventilação deve garantir a renovação do ar e manutenção do ambiente livre de fungos, gases, fumaça, gordura e condensação de vapores, dentre outros. E que esta circulação pode ser feita através de ar insuflado filtrado ou através de exaustão. Ou seja, nestas situações não temos climatização de ar e há necessidade de manter o ambiente livre de fungos, que é o caso da nossa abordagem. Não encontrei nenhum artigo técnico que menciona valores aceitáveis de bolores e/ou leveduras em áreas não climatizadas. Como a CVS menciona ser necessário o controle da qualidade desse ar ambiente acredito que a opção mais adequada é seguir os parâmetros da RDC 9, mesmo a área não sendo climatizada. Há em nosso blog um artigo que aborda o tema de permissão de ar condicionado em áreas de manipulação de alimentos, e nele há vários comentários sobre as legislações vigente e talvez possa lhe ajudar também. Segue o link: http://foodsafetybrazil.org/e-permitido-usar-ar-condicionado-em-area-de-manipulacao-de-alimentos/

      Obrigada pela sua participação.

  • Danuza

    Boa tarde Anellize! Tenho a mesma dúvida que a “Rosemeire Bueno”. Você conseguiu entrar em contato com a Anvisa? Não tenho o equipamento e trabalho apenas com o método de sedimentação. Gostaria de saber como fazer para comparar com a RDC?

  • Rodrigo Martins

    bom dia

    Gostaria de saber se há métodos para analisar o ar que é
    usado no processo de fabricação de alimento? no caso o ar que é usado para abrir a embalagem

  • Claudia Boaventura

    Bom dia Anellize tudo bem?

    Fiz a análise de ar de uma câmara para armazenagem de itens congelados, e o resultado foi com a unidade de medida UFC/15min e na RE 9 a unidade de medida é UFC/m3, como devo comparar?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Todos os textos são assinados e refletem a opinião de seus autores.

Food Safety Brazil Org

CNPJ: 22.335.091.0001-59

organização sem fins lucrativos

Produzido por AQMKT
© 2020, Themosaurus Theme
Compartilhar