Quando se usam armadilhas luminosas, como investigar o acesso das pragas?
A primeira coisa a fazer é entender o que está acontecendo para planejar as melhores ações e atacar a causa-raiz do problema.
Como em uma verdadeira perícia criminal, pegue seu Mapa de Controle de Pragas, seus indicadores, e demarque onde exatamente estão ocorrendo as reclamações e aparecimentos. É muito comum existirem folhas de registros nas quais a própria operação informa o local onde a praga foi encontrada.
Se hoje você não possui um registro como esse, recomendo fortemente que crie um e o disponibilize nas áreas.
Exemplo
Vamos utilizar uma planta-exemplo para ilustrar o raciocínio. Verificando a ilustração abaixo com uma análise descuidada e tendenciosa, diríamos que os insetos estão aparecendo com maior frequência na área de embalagem e provavelmente estão entrando pela porta que existe na área ou pela expedição.
Com essa primeira informação nas mãos é importante que você analise cada uma de suas armadilhas luminosas e verifique como estão a presença de pragas nesses pontos. Essa segunda análise contribuirá no direcionamento dos locais e rotas de acesso.
Análise das armadilhas luminosas
Como você pode notar em nosso exemplo, a armadilha luminosa da embalagem está capturando alguns insetos alados e fazendo o seu papel, mas curiosamente a armadilha da expedição está mais limpa, nesse caso já podemos descartar a hipótese de a expedição estar contribuindo nesse momento com qualquer acesso.
Em contrapartida, note que a armadilha luminosa do Armazém possui uma alta taxa de insetos capturados. Se imaginarmos o trajeto dos insetos alados teremos um cenário parecido com o abaixo.
Conclusão
Considerando a alta taxa de insetos capturados nos pontos acima, podemos concluir que os insetos estão vindo da área de armazém e durante o trajeto, sobrecarregando as armadilhas que estão no caminho.
Quais os próximos passos?
- Entendimento do motivo do alto volume de insetos na área de Armazém,
- Há problemas de manutenção com a porta do local?
- Há frestas e danos na infraestrutura?
- Existem danos no forro, telhado?
- Há problemas comportamentais quanto ao fechamento dos acessos?
- É possível instalar uma segunda porta que dá acesso ao corredor?
- É possível instalar uma porta de acesso à embalagem?
- A cortina de ar está funcionando?
Invista algumas horas caminhando pela área, analise as condições ambientes, luminosidades, frestas, borrachas em portas, telas rasgadas, dutos de ventilação.
Na grande maioria dos casos, a presença dos insetos ocorre em períodos de primavera e verão, portanto naturalmente existirão insetos alados nas áreas externas, então é fundamental que permaneçam na área externa e não acessem a área interna.
Invista na recuperação das condições básicas de infraestrutura e comportamental e como ação corretiva realize a termonebulização, atomização, aplicável à necessidade.
Lembre-se: “A melhor forma de evitar os insetos alados é acabar com os acessos e não usando o inseticida”.
É importante entender que precisamos garantir o controle de acessos das pragas, abrigos, instalação adequada de armadilhas luminosas, conserto de portas quebradas, ou seja, a qualidade desses controles é fundamental para que, por exemplo, uma termonebulização seja feita com um foco preventivo e não corretivo.
Sobre termonebulização, clique aqui.
Mário Filipi
Sobre a instalação das armadilhas há uma série de critérios que precisam ser observados. O comportamento de forrageamento das moscas determina a altura a serem instaladas. Locais muito claros ou com grandes áreas envidraçadas diminuem a eficiência das armadilhas. As lampadas devem ser trocadas a cada 10 a 12 meses, mesmo se continuarem acendendo normalmente pois a emissão de UV cai abaixo do nivel mínimo após esse período, entre outros aspectos.
A matéria mostra de forma precisa o objetivo das armadilhas: monitoramento. Nunca devem ser vistas como fator de controle. Excelente texto
Maelso
Excelente. Parabéns
Mário Filipi
Complementando: hoje há armadilhas que usam lâmpadas de LED-UV. essa lampadas duram de 22 a 26 meses.
Cicero Augusto
Muito bom o artigo, parabéns.
Ricardo J. Franco
Excelente artigo. Existe um armadilha luminosa por sucção profissional no mercado, ou seja, não requer troca dos refis de cola que representam um custo extra e perda de tempo para trocar e gerenciar o estoque.
Everton Santos
Parabéns, ótimo texto! Temos que aproveitar ao maximo as dados fornecidos pela empresa prestadora de controle de pragas. Para armadilhas luminosas, biológicas, placas adesivas e até iscas!
Bruno F. Mendonça
Bom texto sobre o assunto e ótimas contribuições do colega Mário Filipi.
Sou responsável técnico de uma empresa de Controle de Pragas Urbanas em Campinas-SP e sou ‘fã’ de armadilhas luminosas. São uma ferramenta de suma importância para o controle, bem como para o monitoramento populacional e, portanto, um consequente indicador de possíveis falhas estruturais que estejam possibilitando o acesso pelas moscas e demais insetos voadores atraídos pela luz UV dos equipamentos.
Somente gostaria de pontuar que a Termonebulização não propicia efeito residual e, portanto, não vejo a possibilidade de utilizar esse processo em uma ação preventiva.
Abraços.
Mário Filipi
Bem colocado pelo meu amigo Bruno com relação à termonebulização. Não deixa ação residual portanto como ação preventiva não teria efeito. Numa situação que presenciei como estagiário num abatedouro frigorífico, antes de me dedicar ao Controle de Pragas Urbanas quando tivemos a sala de desossa invadida por moscas ao término da produção , aí sim seria uma ação interessante para eliminar os insetos invasores.
Flavio Quadra
Parabéns pela lucidez do texto. O controle profissional de pragas deve usar todas as ferramentas na Vigilância. É o monitoramento que fornece informações para elaborar a melhor estratégia.
Atualmente esses dispositivos são cada vez mais usados como ferramenta de investigação. Há algum tempo eram percebidas como um tipo de amuleto. Implantadas isoladamente de outras técnicas. Como se milagrosamente acabassem com insetos.
Robson Luiz Pelarini
Olá, ótimo artigo e poderiam me esclarecer se há algo normativo ou legislação em termos de qtd. mínima de captura de insetos por armadilha luminosa ou se deveria ser 0? Estou montando um indicador – “Índice de excesso de presença de insetos nas armadilhas luminosas”. Estou partindo que é esperado um qtd. mínima, apesar de todos cuidados que uma empresa deve ter. Caso tenham outras sugestões de indicadores ficarei grato.