Como aplicar o senso de disciplina na indústria de alimentos? Este senso tem relação com as BPF?
Enfim, chegamos ao último senso, Shitsuke, traduzido do japonês como senso de disciplina, e também popularmente conhecido como a autodisciplina.
Esse senso é o mais difícil de ser implementado. O foco é a mudança de comportamento, a mudança de hábitos dos colaboradores, ou seja, o que foi implantado nos três primeiros sensos e depois padronizado no quarto senso, agora está diretamente relacionado ao compromisso e disciplina das pessoas para a manutenção desse programa. A ideia é aplicar até que ocorra de forma tranquila e natural.
Quando falamos de hábitos, compromissos, estamos também falando de mudanças culturais. O mesmo acontece com a gestão da qualidade, a segurança de alimentos, as boas práticas de fabricação.
“FAZER COM 5S” e não fazer e depois arrumar um tempo para o 5s.
“FAZER COM BPF” e não fazer e depois ajustar as BPF.
Não é somente fazer BPF por fazer, porque é requisito, porque “mandaram”. A mudanças, as ações precisam ter propósito, ter significado, é preciso mostrar não apenas O QUE FAZER, mas o POR QUE FAZER. É um perigo quando, na correria do dia a dia, entramos no automático e treinamos as pessoas de forma robótica apenas apontando e dizendo o que “precisa ser feito”. O conhecimento acaba se tornando uma espécie de “telefone sem fio” que a cada vez que é replicado perde pedaços ou é distorcido ao longo do caminho.
Outra característica de extrema importância é dar o exemplo. Que exemplos a liderança compartilha quando cobra a organização de um setor, a utilização correta de uma touca? Ela também pratica, monitora e zela pelo que está sendo falado?
Ainda sobre monitoramento: uma sequência de auditorias e autoavaliações torna-se parte necessária deste processo. A liderança deve apoiar e introduzir tais programas de Capacitação e Monitoramento.
Costumo dizer que é preciso fazer as atividades com o 5S incorporado, ou seja, fazê-las com o 5S e não fazer a atividade para só depois arrumar um tempo para fazer o 5S. O mesmo acontece com a qualidade, com o BPF, é “FAZER COM BPF” e não fazer e depois ajustar as BPF.
SHITSUKE (DISCIPLINA) E BPF
O senso SHITSUKE contribui com as Boas Práticas de Fabricação em situações como:
- Quando sujar, limpar automaticamente o local de trabalho;
- Contribui na velocidade da rastreabilidade, com informações mais claras e dispostas nos locais corretos;
- A Aplicação do 5s em documentos e formulários torna-os objetivos, com informações estratégicas e pertinentes à realidade, sem redundâncias, reduzindo as chances de não serem “consumidos” ou não serem preenchidos por falta de entendimento ou confusão visual;
- Um estudo HACCP muito mais organizado com ações padronizadas em um leiaute identificado e de mudanças controladas;
- Ao se movimentar um material alergênico, identificar e posicionar automaticamente nos locais identificados e controlados;
- Disseminar os conceitos regularmente através de diálogos, comunicações internas, na rotina, nos planos de ações, reuniões, desdobramento de metas, entre líderes e liderados;
- Trabalhar nas comunicações visuais, placas, sinalizações de equipamentos e linhas, entradas, lavatórios;
- As condições de trabalho são adequadas? Os colaboradores possuem os recursos necessários para realizar as atividades? Possuem os procedimentos necessários e estes estão acessíveis?;
- Uma área que possua uma cultura consolidada de 5S e um amadurecimento de autodisciplina abre oportunidades para novas metodologias e programas da qualidade e vice-versa.
Veja os outros sensos aqui:
- 1ºS Como aplicar o Senso de Utilização – 5S na indústria de alimentos
- 2ºS Como aplicar o Senso de Ordenação – Programa 5S na indústria de alimentos
- 3ºS Como aplicar o Senso de Limpeza – Programa 5S na indústria de alimentos
- 4ºS Como aplicar o Senso de Padronização – Programa 5S – na indústria de alimentos
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