Afinal, qual açúcar escolher? A verdade sobre demerara, cristal e refinado

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O açúcar é um dos principais ingredientes utilizados na alimentação diária, mas nem todos os tipos são iguais no que diz respeito ao processamento, composição nutricional e seus efeitos no organismo. Os tipos mais comuns no Brasil são o demerara, o cristal e o refinado. Neste artigo, exploraremos mais detalhadamente as diferenças entre esses açúcares e desmistificaremos a ideia de que algum deles pode ser considerado “mais saudável” ou fonte significativa de nutrientes.

1. AÇÚCAR DEMERARA

O açúcar demerara é conhecido por passar por um processamento leve, mantendo uma maior quantidade de melaço do que o cristal e o refinado. Isso resulta em um açúcar de grãos grandes, em tom marrom-claro, e com um leve sabor caramelizado característico de mel de engenho. Como ele mantém traços de minerais como cálcio, ferro, potássio e magnésio, muitos o veem como uma opção “mais saudável” comparada aos açúcares mais processados.

No entanto, para que esses minerais tenham um impacto nutricional relevante em uma dieta, a quantidade de açúcar que precisaria ser consumida seria extremamente alta. Por exemplo: os níveis de cálcio e ferro presentes no demerara são mínimos. Segundo estudos, a quantidade de açúcar necessária para obter benefícios significativos desses minerais seria tão elevada que isso resultaria em problemas de saúde, como hiperglicemia.

Características técnicas
Processamento: açúcar bruto, não refinado, com retenção de melaço na superfície do cristal.
Composição nutricional: contém insignificantes quantidades de minerais, como cálcio, ferro, magnésio e potássio.
Sabor e textura: sabor levemente caramelizado de mel de engenho e grãos grandes.

O consumo excessivo de demerara, embora retendo uma quantidade ligeiramente maior de nutrientes em comparação aos demais tipos de açúcar, ainda apresenta os mesmos riscos associados ao excesso de açúcar, como diabetes tipo 2, obesidade e outros distúrbios metabólicos.

2. AÇÚCAR CRISTAL

O açúcar cristal é o resultado de um processo intermediário de refino, onde grande parte do melaço é removido. Ele é translúcido a levemente amarelado e sua composição nutricional é similar ao demerara, com quantidades insignificantes de nutrientes.

O mito de que o açúcar cristal é uma opção “melhor” devido a seu menor processamento em relação ao refinado é, na verdade, infundado quando analisamos os aspectos nutricionais. Assim como o demerara, para que o açúcar cristal forneça uma quantidade significativa de minerais, seria necessário consumir volumes extremamente elevados, levando à sobrecarga de glicose no sangue e provocando hiperglicemia.

Características técnicas
Processamento: leve refino, com remoção de parte do melaço.
Composição nutricional: quase nenhum micronutriente residual.
Sabor e textura: Cristais de sabor doce neutro.

Em termos de impacto metabólico, o açúcar cristal tem um índice glicêmico semelhante ao demerara, e o consumo elevado pode resultar nos mesmos riscos para a saúde.

3. AÇÚCAR REFINADO

O açúcar refinado é o mais processado dos três tipos, passando por um processo completo de remoção de cor através de refino para o clareamento, resultando em um produto final de cor mais clara e completamente isento de minerais e vitaminas. Este tipo de açúcar é quase exclusivamente composto de sacarose na mais alta pureza.

Características técnicas
Processamento: obtido pela dissolução do açúcar standard (padrão), posterior refino e cristalização.
Composição nutricional: isento de minerais e vitaminas.
Sabor e textura: cristais uniformes, brancos ou levemente translúcidos de sabor doce característico.

Embora seja o mais criticado por ser “vazio” de nutrientes, em termos de impacto glicêmico, o refinado não difere significativamente dos outros açúcares. Todos eles, quando consumidos em excesso, podem levar ao mesmo resultado metabólico: aumento nos níveis de glicose sanguínea e riscos associados.

COMPARAÇÃO NUTRICIONAL E EFEITOS NO ORGANISMO

Embora o demerara contenha uma quantidade maior de minerais em comparação ao cristal e ao refinado, a quantidade de nutrientes presentes ainda é desprezível em relação às necessidades diárias recomendadas. Para alcançar níveis significativos desses minerais, como cálcio e potássio, a quantidade necessária seria tão alta que colocaria o consumidor em risco de desenvolver hiperglicemia, uma condição em que o nível de glicose no sangue aumenta de forma perigosa.

Como exemplo, a quantidade diária recomendada de cálcio para um adulto é de cerca de 1000 mg. O açúcar demerara contém aproximadamente 85 mg de cálcio por 100 g. Para atingir a quantidade diária recomendada de cálcio através do consumo de demerara, seria necessário ingerir mais de 1,1 kg de açúcar — um consumo absurdo que causaria sérios danos à saúde.

Além disso, o consumo excessivo de açúcar, independentemente do tipo, está fortemente ligado ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, obesidade, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.

CONCLUSÃO

Embora o açúcar demerara e o cristal apresentem uma leve vantagem em termos de presença de minerais quando comparados ao açúcar refinado, a verdade é que nenhum desses tipos pode ser considerado uma fonte significativa de vitaminas e sais minerais. Para alcançar níveis relevantes desses nutrientes, a quantidade de açúcar necessária seria prejudicial à saúde, levando a condições como a hiperglicemia.

Portanto, ao considerar o impacto do consumo de açúcar, o foco deve estar na moderação, e não na suposta superioridade nutricional de um tipo sobre o outro. O consumo consciente e equilibrado de qualquer tipo de açúcar é essencial para evitar problemas de saúde a longo prazo, e outras fontes de nutrientes devem ser priorizadas na dieta para garantir a ingestão adequada de vitaminas e minerais essenciais.

Referências:
– Food and Agriculture Organization (FAO). Sugar and Health: A Global Overview
– Ministério da Saúde, Brasil. Guia Alimentar para a População Brasileira
– World Health Organization (WHO). Guideline: Sugars Intake for Adults and Children
– Harvard T.H. Chan School of Public Health. The Nutrition Source: Carbohydrates and Blood Sugar

Por Diogo Ximenes

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