“Entendendo a importância e o papel dos lubrificantes nas indústrias de alimentos e de embalagens” foi o tema da palestra de Lilian Miakawa, da Fuchs Lubrificantes, no evento realizado pela BRCGS com a co-organizadora QIMA WQS.
Ao conversar com outros participantes, pude perceber que não foi apenas minha a sensação de que a palestra mereceu destaque, não só pelo nível técnico e pela didática de Lilian, mas mais do que isso, porque acrescentou muitas informações para um público que já tem muita experiência de indústria.
Tenho por costume, quando dou treinamentos, dar exemplos práticos da minha vivência, para que o público consiga visualizar situações diferentes do processo em que atua. Esses exemplos, muitas vezes, vão de um extremo a outro. Brinco que esses exemplos, quando são do extremo “positivo”, que seriam os modelos a seguir, são os casos “lunáticos”, porque parecem distantes da maioria das situações aqui da nossa realidade.
Mas Lilian foi muito mais longe que a Lua quando nos trouxe o insight de que os lubrificantes são utilizados nas naves espaciais e alcançam Marte.
Apesar do curto tempo que teve para nos apresentar tanto conteúdo, a apresentadora soube aproveitá-lo e nos mostrar slides autoexplicativos sobre as diferentes classificações dos lubrificantes food grade, além das diferenças entre o atendimento ao certificado NSF e à ISO 21469 (lembrando que este é um atendimento obrigatório aqui no Brasil, seguindo resolução da Agência Nacional do Petróleo).
Fonte: Apresentação de Lilian Miakawa no VI Fórum de segurança de alimentos BRCGS em 29/08/2024
Já tivemos aqui no blog um post sobre as legislações que regem os lubrificantes no Brasil, muito bem escrito por Cíntia Malagutti e que pode ser acessado aqui. Outro texto muito bom de ser consultado vez e outra e que vai direto ao ponto é esse da Juliane Dias: Legislação para lubrificantes de grau alimentício.
Interessante como os eventos e encontros do nosso setor são importantíssimos para discutirmos e aprofundarmos assuntos com quem atua diretamente com eles e que fazem parte dessa área tão abrangente que é a segurança de alimentos.
Além disso, demonstram a evolução dos temas e o desenvolvimento dos setores. Ter em um evento desse porte um fornecedor essencial para a cadeia de alimentos e com impacto direto na segurança dos consumidores, com uma representante que fala sobre HACCP, alergênicos, legislações e novidades que já estão sendo discutidas internacionalmente é reflexo do nível de cobrança e atualizações que precisamos para nossa área.
Vimos esse desenvolvimento acontecer na indústria de embalagens, como muito bem colocado por Liliana Batista, palestrante seguinte, que falou de como hoje podemos conversar com esse setor com uma linguagem muito diferente de 15 ou 20 anos atrás. O número de representantes da indústria de embalagens ali presentes é reflexo dessas mudanças.
E assim esperamos acontecer também com a indústria de equipamentos, não é mesmo?!…
Continuamos na esperança de que todos os elos da cadeia produtiva de alimentos falem a mesma língua, sem estarmos separados em “gavetas” diferentes, fazendo cada um o seu próprio evento, sem a representação das demais partes interessadas.
Esses eventos nos renovam a energia e a esperança de melhorias em todos os âmbitos, para lembrarmos de quando nos deparamos com situações que muitas vezes tendem a nos empurrar para baixar a régua, mas precisamos mantê-la ou até mesmo subir as exigências, como profissionais éticos e comprometidos que somos.
Lembro-me das vezes em que comentei sobre status alergênico dos lubrificantes, como cobra a norma BRCGS já há algum tempo, e isso foi considerado “preciosismo”. Agora a gente assiste a aula que a Lilian deu dos perigos discutidos na Europa, com substâncias que estão sendo discutidas e que vão muito além da nossa lista de alergênicos, como MOSH e MOAH (aguardem post com mais detalhes sobre eles!), e saí refletindo sobre o mínimo que é cobrado das empresas e o quanto às vezes até o mínimo é questionado…
Fonte: Apresentação de Lilian Miakawa no VI Fórum de segurança de alimentos BRCGS em 29/08/2024
Lembro também de quantas vezes falei sobre rastreabilidade no setor de lubrificantes e fui considerada exigente demais… Aliás, texto muito bem escrito sobre rastreabilidade de lubrificantes na indústria de alimentos é o da querida Gisele Mutti Capiotto, que pode ser lido novamente aqui.
O evento contou com os patrocinadores Sbcert (patrocinador ouro), NSF e Fuchs (como patrocinadores prata), além da SGS, ControlUnion e CJI Solutions (patrocinadores bronze).
Para quem quiser aprofundar a leitura sobre o tema, aguardem próximo post em que falaremos mais sobre as diferenças entre lubrificantes minerais e sintéticos, parâmetros de MOSH e MOAH mundialmente pesquisados, além dos requisitos para se escolher o melhor lubrificante, uma vez que o assunto está sendo atualizado e cada vez mais detalhes precisam ser discutidos entre todas as partes interessadas para se fazer a melhor escolha.
Enquanto isso, seguem outros textos que o Food Safety Brazil já publicou sobre lubrificantes:
– Análise de lubrificantes – Manutenção preditiva na indústria de alimentos
– Como avaliar se o processo de fabricação de lubrificantes é Food Grade de acordo com a ISO 21469
– Controle de lubrificantes com TPM e manutenção autônoma
– O que você sabe sobre os lubrificantes food grade (partes I e II)
– O futuro, não tão distante, das indústrias de alimentos e de lubrificantes
Referências:
https://food.ec.europa.eu/system/files/2022-07/reg-com_toxic_20220421_sum.pdf
https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/2704
https://www.efsa.europa.eu/sites/default/files/wgs/chemical-contaminants/wg-moh-food.pdf
Por Camila Chadad