Referência para swab de mãos

2 min leitura

Ao falar de controle microbiológico logo vem à mente a RDC 12/2001  que, apesar de não citar a frequência de amostragem, apresenta todo suporte para interpretar nossos resultados e até mesmo nos indica qual micro-organismo analisar em determinado alimento. Essa informação é de suma importância para separarmos o aceitável do inaceitável.

Quando o assunto é água, a Portaria 2914/2011 indica os micro-organismos que devem ser avaliados, seus limites e até mesmo sua frequência de amostragem.

Seguindo esses dois padrões de referência, nossa matéria prima e água estarão microbiologicamente seguros. Caso ocorra do nosso produto final estar contaminado é evidente que será por manipulação inadequada, ou seja, falha nas Boas Práticas de Fabricação.

A eficácia das BPF pode ser avaliada por inspeções rotineiras e principalmente por amostras coletadas no chão de fábrica, como swab de superfícies e swab de mãos. Essas análises carecem de referências para limites, deixando margem para interpretações até que seja publicada uma RDC sobre o assunto.

O FSB já abordou o tema aquicolaborando com alguns limites para superfície. Hoje gostaria de abordar novos limites para superfícies e para mãos.

Ao analisar um swab de superfície ou de mãos deve ser levado em consideração que determinados micro-organismos são predominantes na flora humana, sendo esses os mais prováveis de causar a contaminação. Tomando como base os dados de surtos alimentares de Maio 2017 , podemos observar que E.coli e S. aureus fazem parte dos 3 maiores agentes etiológicos do Brasil.

Para desenvolver um limite de contagem para swab, vamos fazer uso da frase de Soares (2013): “Uma mão higienizada possui contagens inferiores a 10² UFC/mão de S.aureus e 10² de E.coli”.

A partir dessa frase conseguimos, por meio de uma referência literária, um limite para os 02 principais micro-organismos em swab de mãos. Ainda fazendo uso desta frase, podemos converter esses limite para swab de superfície se considerarmos que uma mão tem aproximadamente 360 cm². Se 360 cm² podem conter 10² UFC, **100 cm² podem conter X. Para chegar a 360 cm² foram medidas várias mãos, chegando à média de 180 cm² por lado. Considerei os dois lados da mão, pois Soares generaliza mão e não apenas palma da mão. Já o resultado é baseado em 100 cm², pois normalmente os delimitadores de área tem essa medida.

Os limites apresentados até aqui são para mãos e equipamentos APÓS higienização. Você também pode desenvolver limites menos exigentes, porém seguros, para swabs coletados ANTES da higienização, assim será possível realizar a validação de procedimentos e saneantes.

Para facilitar esse desenvolvimento, finalizo meu texto com uma frase de Franco (1996) : “São necessários 100.000 a 1.000.000 de UFC de S.aureus por grama de alimento para que a toxina seja formada em níveis de causar intoxicação”.

13 thoughts on

Referência para swab de mãos

  • Ingrid mangue Klaus

    Muito bom Éverton!! um norte até tenhamos legislação é necessário parabéns.

    • Everton Santos

      Obrigado, fico feliz em ajudar !

  • Caroline Regazini Proença

    Bom dia. Você poderia passar as referências bibliográficas dos autores que você citou?

    • Everton Santos

      1° – SOARES, MONICA PORTO MAIA, M.S.C, Universidade Federal de Viçosa, Fevereiro de 2013. Avaliação da eficiência de sabonetes com Triclosam sobre suspensões bacterianas de Escherichia coli e Staphylococcus aureus aplicadas sobre a superfície das mãos de voluntários. Orientador: Nélio José de Andrade. Coordenadores: José Benício Paes Chaves e Ana Clarissa dos Santos Pires.
      2° – FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo. Atheneu. p.28-30. 1996.

  • Tiago Mezaroba

    Everton, preciso de uma ajuda sua.
    Preciso de embasamento científico para análise de swab de superfície, estou elaborando manuais de qualidade e procedimentos de higiene, consegues me ajudar

    • Everton Santos

      Oi Tiago !

      independente do limite utilizado te indico fazer a coleta de swab ANTES e DEPOIS da higienização. Já vi empresas fazerem apenas depois. Dá para avaliar se a higienização é eficiente sim. Mas quantos UFC tinham antes? Muitas vezes tinham zero, então não é mérito do saneante ter zero depois da higienização. Realizar o swab ANTES também mostra como está a superfície real que o produto está entrando em contato.

      O teste do post acima é uma lógica, usei as referencias bibliográficas como norte para me dar seguimento. Mas você pode desenvolver e publicar algum artigo científico e utilizar seu próprio artigo como referência.

      Outro caminho é uma pesquisa super completa. Talvez já exista artigos que estipulem tais limites e eu não os encontrei.

      Outro caminho também é você entrar em contato com autor do livro, do artigo ou da RDC para entender como ele chegou a conclusão que até X quantidade de UFC não causaria “dano” ao consumidor. Visto que uma unica unidade pode se multiplicar e se tornar várias em condições ideais. Se você concluir que não pode haver nenhuma UFC, seu limite é zero.

      Outro caminho também, já que está desenvolvendo manual de limpeza, é avaliar seu saneante. Se ele especifica que após utiliza-lo terão 5UFC de X microorganismo, deverão conter 5 ou menos UFC de X após higienização, se for zero, deverão ter zero e assim por diante.

      Outro caminho também é em relação ao equipamento. Imagine uma esteira de 20m². Se passará por ela 08 toneladas de produto pela máquina, faça um swab em 100cm² multiplique pela área da esteira e saberá quantos microorganismos possivelmente há na esteira, divida pelo peso do produto que entrou em contato com ela e veja se o limite está dentro da RDC 12/2001.

      Existem várias outras formas, todas com suas VARIÁVEIS e INCERTEZAS, cabe a ti determinar qual se aplica melhor ao seu processo.

      Consegui te ajudar?

  • Thais Cristina

    Você sabe dizer se tem alguma referencia de amostras de mãos para aeróbios mesofilos?

    • Everton Santos

      Oi Thais.

      Infelizmente não tenho. Na literatura encontrei apenas esses dois micro-organismos, portanto estipulei limite apenas para os dois. O grupo de mesófilos aeróbicos é muito extenso, não poso estipular X UFC porque cada um tem sua especificação e portanto cada um tem um “limite aceitável”.

      O que pode ser feito, inclusive é até uma redução de custo, é analisar apenas mesófilo aeróbico, se der negativo não tem nenhum e acabou por ai as analises. Se der positivo, ao invés de ter um limite para mesófilo aeróbico, você pode analisar esses dois micro-organismos do texto e avaliar se ele está ou não dentro do limite. Caso de zero para os dois, algum outro mesófilo aeróbico está aí. É interessante reanalisar começando pelos mais prováveis.

      Após descobrir QUAL micro-organismo tem, será possível avaliar o quão patogênico ele é e qual alteração ele causará no produto já que o limite não tem na literatura.

      Ajudou ?

  • Maria das Graças Medeiros

    Olá Everton, você pode disponibilizar as referências completas citadas no seu texto?
    Att.

  • Delma Ribeiro

    Everton, parabéns pelo artigo. Muito bem detalhado, já deu um norte para entendermos sobre as análises SWAB.
    Muito obrigada!

  • Simone Rodrigues

    Olá, Everton. Qual seria a referência para a área médias das mãos, por favor? Estou escrevendo uma metodologia para meu TCC onde pretendo realizar análises de aeróbios mesófilos em mãos de manipuladores de alimentos.
    O método de ensaio descreve que o cálculo deve ser convertido de UFC/ml para UFC/cm² e para isso, precisaria saber a área das mãos também, mas preciso ter uma referência válida.
    Desde já, agradeço.

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