Fraudadores de leite pegando cada vez mais pesado

2 min leitura

Fiz uma comparação sobre os dois mais emblemáticos casos de fraude no leite da história: O caso Parmalat, ou Ouro Branco, de 2007, e o recente caso do  Leite compensado.

No primeiro, o objetivo era mascarar a má qualidade de um leite em vias de deterioração e evitar reprovação ao chegar na fábrica: a fórmula foi adicionar um antimicrobiano já comumente usado na indústria de alimentos para desinfecção de embalagens e a soda cáustica para neutralizar a acidez que se desenvolve no leite por ação das bactérias lácticas. Assim:

Água oxigenada + soda cáustica = leite com processo de deterioração bloqueado

Veja o informe técnico da Anvisa, que conclui que não há grandes preocupações com a saúde, dado que ambos “ingredientes” acabam sendo neutralizados/consumidos no produto. Ficou a preocupação pela pureza destes “aditivos” e possíveis resíduos, como por exemplo metais pesados.

No segundo, o foco era usar uma fórmula vendida por 10 mil Reais, na qual o leite “rendia” 10% a mais.

Leite + água + uréia + formol = leite mais lucrativo

A “fundamentação técnica”  da receita foi a adição de um componente que tem semelhança química com a proteína (a uréia), e que poderia disfarçar um teste rotineiro de controle de qualidade. Assim, mesmo diluído, o leite passava nas análises. O formol era usado como um “conservante”, este sendo confirmadamente cancerígeno ao ser humano. A qualidade de água… bem… isso era um detalhe sem a menor importância para os fraudadores.  

Dessa vez, o parecer da Anvisa é claro sobre os riscos à saúde fruto deste esquema que tem rendido várias detenções.

Os impactos à saúde deste esquema não serão percebidos de forma imediata como foi escândalo da melamina na China, onde mais uma vez, o leite diluído foi adicionado de uma substância que simula ser proteína, mas no caso, era um plastificante que obstruiu os rins de milhares de bebês.

Até onde poderá chegar a ambição humana e sofisticação das fraudes?

4 thoughts on

Fraudadores de leite pegando cada vez mais pesado

  • Cristina Leonhardt

    Olha, Juliane, típico caso para causar revolta, não?

    Não tem teste de uréia mais no recebimento do leite nos laticínios?

    Que tipo de povo nós somos para fraudar alimentos que nossos próprios filhos irão comer? Acho que está na hora de nos indagarmos mais profundamente que país é esse que estamos formando.

    • Marcelo Garcia

      Cristina,

      Uréia já é um recurso antigo para fraudes! Os antepassados simplesmente adicionavam urina no leite!
      Por incrível que pareça não é rotina nos laticínios, dado que exige tecnologia um pouco mais sofisticada e cara para detecção.
      Apostaria que essa análise possa se tornar corriqueira em grandes e sérias empresas, o que vai significar um custo a mais para todos nós, consumidores.

  • Valéria R Almeida

    Pois é mas infelizmente tem gente que é capaz de fazer isso… Eu tenho muitas perguntas para este tipo de situação: Onde estão as pessoas que ingeriram este leite??? Foram à um posto de saúde? Como foram atendidas? Os postos de saúde estão preparados para esta situação? A ANVISA vai acompanhar estas pessoas à longo prazo? Acho que seria indispensável, não faltam dados estatisticos no Brasil sobre DTAs e consequências na saúde dos consumidores por ingestão de produtos adulterados? Acho que não basta somente dizer que o formol é cancerígeno… Vai aumentar a fiscalização? Poderíamos conseguir um depoimento de uma dessas vítimas da ambição humana?

    Ainda bem que no Brasil temos profissionais da área como os deste blog que estão se dedicando muito para proteger a nossa saúde.

    Valéria – engenheira de alimentos e consumidora

    • Marcelo Garcia

      Valéria,

      Obrigada ao incentivo ao blog. As suas reflexões são muito importantes. Seja uma contaminação aguda ou de efeito crônico, o impacto à saúde pública é grande e pode não ser absorvido pelo nosso sistema de saúde caso ocorra em grandes proporções.

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