É preciso calibrar corpos de prova para detector de metais anualmente?

3 min leitura

Corpos de prova para detector de metais são esferinhas metálicas de ferro, metal não ferroso ou inox, em tamanhos específicos de acordo com a sensibilidade de cada detector de metais.

Normalmente esta esferinha metálica vem acondicionada em um invólucro robusto de plástico, que protege a esferinha de danos, amassos etc., e com uma janelinha transparente que permite a um observador enxergar que tal esferinha realmente está lá dentro.

Estes corpos de prova, quando comprados, devem vir acompanhados de uma declaração atestando sua composição (ferroso, não ferroso ou inox), assim como seu exato tamanho.

Normalmente, externamente no invólucro é registrado o tipo de metal que compõe a esferinha e seu respectivo tamanho.

Tais corpos de prova servem a um propósito: avaliar em intervalos regulares se um detector de metais continua percebendo a presença de cada um destes tipos metálicos.

Ao longo do tempo uma bolinha de ferro deixará de ser de ferro, ou uma de metal-não ferroso deixará de ser não-ferroso ou uma de inox deixará de ser de inox?

A princípio não!

Poderiam ocorrer, talvez, magnetizações destas esferas que pudessem intervir em suas propriedades, por isso devem ser mantidas longe de imãs ou de fortes campos magnéticos.

Ao longo do tempo uma esfera com um determinado tamanho mudará seu tamanho e massa, protegida dentro de um invólucro robusto de plástico?

A princípio não!

Se não houvesse o invólucro poderia, talvez, ocorrer alguma oxidação, dano ou amassamento. Neste caso, perderia massa, mas não ganharia. Então, supondo que isso ocorresse, caso o detector de metais ainda assim identificasse a esferinha, isso significaria que este equipamento ainda cumpre seu papel, e que permanece adequado e operante, justamente por ser capaz de ainda identificar o corpo de prova, e veja, se o corpo de prova perdeu massa, o detector de metais estará sendo efetivo em situação ainda mais difícil.

Se um observador é capaz de enxergar que uma esferinha de um corpo de prova feito de um determinado metal e com um determinado tamanho permanece protegida em seu invólucro robusto de plástico, e, que é mantida sempre distante de imãs e fortes campos magnéticos, o que justificaria impedir de continuar a usá-la como está?

A princípio nada!

Por isso, uma organização pode, baseada na gestão de riscos e em uma análise preditiva, determinar qual a real necessidade de pedir (ou não) a renovação de um laudo ou declaração que reateste a validade de cada um dos corpos de prova que possui, aquilo que vem sendo chamado de “calibração de corpos de prova”.

Dicas:

  1. Cuide bem de seus corpos de provas, mantendo-os longe de imãs e fortes campos magnéticos;
  2. Proteja-os de danos e amassados;
  3. Sempre que for usar o corpo de prova, previamente, vistorie se a esferinha metálica permanece visível.

Seguindo estas dicas, sua esferinha metálica permanecerá com a mesma composição de massa e tamanho. Portanto, por que anualmente pedir um novo laudo de calibração?

Não existe norma, legislação ou motivação técnica absoluta que obrigue realizar a calibração de corpos de prova para detectores de metal anualmente!

A empresa pode ter um procedimento interno, baseado em seu contexto e realidade, pelo qual demonstre e justifique que internamente uma pessoa competente, em intervalos regulares, avalia pela ótica preditiva se o corpo de prova permanece em perfeito estado ou se foi de alguma forma violado:

  1. Se estiver violado ou danificado, a organização deve solicitar uma revalidação que ateste a composição e o tamanho da esferinha metálica, ou melhor até, realizar a sua substituição;
  2. Porém, se estiver intacto, poderá permanecer em uso, pois continua a cumprir devidamente a sua função.

Este artigo foi motivado por visitas de consultoria em que clientes anualmente mandam “recalibrar” ou compram novos corpos de prova. Já estão com uma gavetinha cheia deles, todos em perfeito estado, e a princípio, sem nenhuma necessidade de fazer isso, gastando recursos que podem ser usados em outras demandas.

Espero ter ajudado algumas empresas, e para aquelas que todo ano recebem corpos de prova para “calibrar”, por favor, não fiquem chateados comigo!

Quem quiser ler mais, este tema já foi abordado em outros artigos aqui no blog:

  1. Frequência de troca dos corpos de prova para detectores de metais
  2. Corpos de Prova para detectores de metais – Calibração e Cuidados

18 thoughts on

É preciso calibrar corpos de prova para detector de metais anualmente?

  • Marcelo Batista Pereira

    Ótimo artigo do Marco Túlio!!! Parabéns.

    • Marco Túlio Bertolino

      Obrigado Marcelo, espero que seja útil!!

      • RICARDO MALUCELLI

        Agradecemos o excelente esclarecimento Marco. Ficou fácil a forma de avaliação e tomada de decisões. Obrigado!

        Obrigado também à Márcia Meneghini por compartilhar com R&L o artigo.

        • Marco Túlio Bertolino

          Fico feliz pelo artigo se mostrar útil Ricardo. Toda decisão sobre necessidade e periodicidade de calibrações pode se basear em raciocínios similares, levando em conta o risco de perda de calibração de cada instrumento considerando sua robustez, seu local e forma de uso, etc., isso vale também, é claro, para corpos de prova e massas. Fica meu agradecimento também para Márcia por divulgar o artigo.

  • Sayonara Fernandeses

    Artigo de utilidade pública,parabéns Março Túlio por dar sua contribuição com um assunto que em algum momento das nossas carreiras já tivemos esse tipo de dúvida.

    Lembro que sempre que éramos auditados lá na empresa vinha sempre esse questionamento: baseado em que vocês estabeleceram essa frequência para a calibração? Aí a gente sempre justificava que era para atender a legisção e a norma. A partir desse momento o auditor foi mais a fundo no questionamento : Mas, como você assegura que essa frequência ou os limites estabelecidos por legislação atendem ao seu processo? Ou até mesmo que a frequência estabelecida está coerente, inclusive operacionalmente falando?

    A partir dessa certa auditoria foi a virada de chave que precisava para abrir a mente para melhorar os processos internos lá da empresa. Com essa experiência pude entender que as coisas não devem ser engessadas como também é possível ter mais flexibilidade desde que não prejudique e deixe de atender os limites estabelecidos pela legislação ou dos requesitos do cliente. Além disso, pude perceber que para desengessar era preciso realizar estudos e gerar registros dos resultados desses estudos e estabelecer se aumentaria ou diminuiria a frequência dessas calibrações e ainda não esquecer é claro de mencionar no procedimento a justificativa , afinal o intuito disso tudo é comprovar a integridade dos instrumentos de medida e comprovar que o procedimento interno adotado é eficiente.

    • Marco Túlio Bertolino

      Normas dizem o que deve ser feito, não como, este “como” pode ser feito de vários formas, desde que respeitando critérios técnicos e lógicos, legislações de referência se existirem, normas técnicas de apoio, e claro, o bom senso. Uma solução é boa quando atende tecnicamente, minimiza riscos e é economicamente a mais apropriada, isso é ser eficácia.

      • Sayonara Fernandes

        Concordo contigo. Você resumiu o que quiz dizer no final do meu comentário : o sistema pode ser mais “flexível” desde que após as frequências estabelecidas após estudos realizados comprovadamente não deixe de atender os limites estabelecidos por legislação e outros requesitos.Afinal, não se trata só de melhoria de procedimentos internos e redução de custos e sim aliar esses aspectos a garantia de que os ajustes realizados nas frequências de calibração não tenham comprometido o segurança e qualidade do processo, consequentemente a do produto também .

  • Camila Miret

    Perfeito, Marco! Muito esclarecedor. É um tema ainda polêmico entre empresas, auditores, consultores e fabricantes dos equipamentos. Eu vejo que alguns fabricantes “forçam” a compra de novos corpos de prova, alegando que depois de um ano não podem assegurar nada, ou não podem fazer as manutenções e verificações do detector, ou diz que a empresa perde as garantias do equipamento. Auditores que exigem certificados de calibração anuais. Mas a sua explicação derruba todos estes paradigmas. Obrigada por compartilhar o conhecimento!

  • Analia

    Excelente artigo! Essa calibração nunca fez sentido pra mim!

    • Marco Túlio Bertolino

      De fato, pois corpo de prova não é um instrumento de medição e ensaio, é só um corpo de prova, a priore, não precisa ser recalibrado pois uma bolinha de um determinado metal com um determinado tamanho não irá modificar isso ao longo de sua vida útil se devidamente protegido, mas precisa ter um certificado de origem que comprove seu tamanho e composição (ferroso, não ferroso ou inox), tendo que ser reavaliado apenas se for violado.

  • Marilia Lopes

    Excelente artigo prof. Marco, este tema ainda é bem polêmico em auditoria,
    a maioria dos auditores pedem o certificados de calibrações dos corpos de prova com a validade, foi bem esclarecedor, agora tenho argumentos, pois todos os anos compramos corpos de prova novos, porque o custo para calibrar na maioria das vezes não compensa. Obrigada por compartilhar conhecimento.

    • Marco Túlio Bertolino

      Marília, as empresas que calibram tem colocado no corpo de prova “validade de um ano” e as empresas não tem questionado e tem aceitado, sem uma avaliação técnica de análise de riscos. Para o auditor, se no corpo de prova está um ano, tem que ser um ano, pois a empresa aceitou consentiu isso. Então, a questão parte daí, das organizações determinaresm esta periodicidade e não quem “calibra”. Lembrando ainda que corpo de prova não é um instrumento de medição e ensaio, é só um corpo de prova, a priore, não precisa ser recalibrado pois uma bolinha de um determinado metal com um determinado tamanho não irá modificar isso ao longo de sua vida útil se devidamente protegido, mas ter um certificado de origem que comprove seu tamanho e composição (ferroso, não ferroso ou inox), tendo que ser reavaliado apenas se for violado.

  • Izabel Nataly

    Excelente artigo!

  • Josilene Sena

    Excelente texto, assunto recorrente quando se chega “o mês das calibrações”, já havia lido aqui no Food safety br algo relacionado e por isso não estávamos mais comprando novos corpos de provas, pois dificilmente empresas calibram eles. Mas agora com seus esclarecimentos contribuiu bastante para o embasamento quando formos questionados sobre a tal calibração.
    Como sempre, muito obrigada!

  • Amilton Bento

    Márcio uma ressalva na sua boa explicação…

    Para atender as legislações HACCP e ANVISA623/22, o diâmetro minimo exigido é 2,00mm e pontiagudos 7,00mm ( fe/inox/n.fe). Esses corpos de provas precisam ser calibrados/recalibrados, pois podem sofrer alterações ao longo do tempo, com oxidação, amassados etc ( muitas vezes são alojados em cartões frágeis, então depende). Especificamente sobre a recalibração depende do tipo de auditoria, acima de tudo esses corpos de prova são usados para testar a performance dos detectores de metais. Se houver alteração do tamanho do corpos de prova, já não servem para atestar se o detector de metais atende a norma. Os testes são feitos não somente para testes eventuais, são testes para verificar se os detectores estão devidamente certificados e cumprindo seu papel, em pleno funcionamento e não possuem defeitos. Há muita diferença testar um detector de metais com 2 e 3 mm por exemplo, ou seja, se aumentar 0,5mm em um corpo de prova pode ser o suficiente para encobrir um defeito no detector de metais e comprometer a marca, exportação etc.

    Então, alguns cuidados devem ser tomados para evitar prejuízos.

    • Marco Túlio Bertolino

      Oi Amilton, obrigado por suas considerações. Porém, os corpos de prova vem protegios dentro de uma grande capsula plástica justamente para impedir que ao logo do tempo sofram oxidação ou amassamento. Caso estes invólucros sejam danificados, aí sim, o corpo de prova deve ser substituído pelo risco de danificar a massa metálica contida. Um corpo de prova precisa unicamente uma validação atestando seu tamanho pelo fabricante, depois não fanhará massa, um 2 mm não virará um 2,1 mm e se perder massa e o detector deixar de identificar estará pos sí só dado o alerta que o corpo precisa ser revisto. Os testes para avaliar o detector se fazem não pela “calibração” dos corpos de prova, mas justamente avaliando se os detectores conseguem detectar tais corpos de prova.

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