Corpos estranhos em alimentos podem ser detectados por micro-ondas

2 min leitura

Às vezes, temos a sensação de que uma nova legislação pode não condizer com a realidade ou com a tecnologia disponível nas indústrias, sobretudo em relação aos controles necessários para cumpri-la. A famosa norma RDC 14/2014, por exemplo, estabeleceu limites de tolerância para matérias macroscópicas e microscópicas em alimentos. Surge agora a questão: como garantir o controle de perigos físicos, tais como pedaços de caroços, talos, madeira, sabugo, nas condições exigidas pela norma? Empresas que produzem amendoim descascado, milho enlatado ou azeitonas picadas para uso como ingrediente em outras indústrias podem, efetivamente, garantir ausência de caroços, lascas ou talos maiores ou iguais a 2 mm? A rigor, se uma empresa não tem medidas de controle que consigam cumprir a legislação, ela não poderia ser certificada pela FSSC 22000, por exemplo. Trabalhei em empresa que usava ameixa sem caroço como ingrediente e na época era impossível encontrar, seja no Brasil ou no exterior, algum fornecedor que garantisse um produto com ausência de lascas dos caroços da fruta.

Pois bem, divulgar iniciativas pioneiras que possam contribuir para a segurança dos alimentos é um de nossos trabalhos. Na revista eletrônica Food Quality News, uma empresa sueca informa que dispõe de uma tecnologia única – à base de micro-ondas – capaz de detectar corpos estranhos em alimentos. Segundo a empresa, o sistema detecta pequenos pedaços de plástico, caroços de frutas, madeiras, insetos e outros materiais em alimentos (veja na imagem que ilustra este texto alguns materiais que podem ser detectados). A publicação diz que o sistema de detecção foi projetado para emulsões, produtos pastosos e bombeáveis, como alimentos infantis, iogurtes com frutas, produtos à base de tomates e de frutas. São quatro dispositivos, que ocupam cerca de 1 metro de tubulação: o painel de operação, um trecho de tubulação, um sensor e uma unidade de rejeição. As micro-ondas penetram na tubulação, criando um campo que cobre aquela parte da tubulação e define um padrão sonoro para o alimento que está sendo produzido, como se fosse a “pegada” do alimento. Quando surge algo na tubulação com propriedade dielétrica diferente da do alimento, há uma mudança no padrão sonoro que permite a detecção do corpo estranho. A empresa afirma possuir unidades operando em diversos continentes, inclusive na América do Sul. Uma planta piloto na Suécia possibilita aos interessados testar a eficácia do sistema em seus próprios produtos.

Nossa expectativa é de que a técnica seja um sucesso, pois é urgente dispor de uma tecnologia para resolver definitivamente o problema das lascas e melhorar a segurança dos alimentos. 

3 thoughts on

Corpos estranhos em alimentos podem ser detectados por micro-ondas

  • Roseani Caseri Pereira

    Ótima matéria Humberto! Muito útil essa informação!! Vamos aguardar!

  • Aline

    Tem outras alternativas para identificar caroços em ameixas? A dificuldade de encontrar fornecedores que garantam a ausência ainda continua.

    • Humberto Soares

      Aline,
      Acredito que outras tecnologias, além da apresentada no texto, estejam sendo testadas com esta finalidade, porém desconheço alguma que seja realmente eficaz. Fica aqui um pedido para que quem souber de um processo eficiente de remoção destes tipos de perigos nos comunique.

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