Alimentos fracionados: modismo ou necessidade? (Parte II: Regulamentação)

2 min leitura

Para quem não se lembra, no mês passado publicamos um artigo conversando com consumidores de alimentos fracionados.  Nesta segunda parte iremos abordar a parte legislativa sobre eles. Para isso, batemos um papo bem legal com a Erica F. Damaso, analista de saúde da COVISA (Coordenação de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal Saúde de São Paulo).

FSB – Qual a lei que regulamenta o fracionamento de alimentos em supermercados?

Érica – No município de São Paulo, o artigo 1° da Portaria Municipal 2619/11 informa que esta é a legislação que regulamenta as Boas Práticas e de Controle de condições sanitárias e técnicas das atividades relacionadas ao fracionamento de alimentos.

Já em âmbito federal, possuímos a RDC n.259/2002, resolução que se aplica a todo alimento embalado na ausência do cliente e pronto para oferta ao consumidor.

FSB – Quais critérios devem ser seguidos na rotulagem destes alimentos?

Érica: Neste item as duas legislações obrigam a usar os mesmos critérios. Segundo o item 8.2.1 da Portaria Municipal 2619/11, a rotulagem dos alimentos embalados na ausência do consumidor deve conter as informações exigidas pela legislação geral, específica e por este regulamento:

  1. Denominação  de venda do alimento;
  2. Lista de ingredientes em ordem decrescente de proporção;
  3. Identificação de origem: razão social e endereço do fabricante, do distribuidor quando propietário da marca e do importador, para alimentos importados;
  4. Data de validade;
  5. Identificação do lote;
  6. Instruções para o preparo e uso do alimento, qunado necessário;
  7. Indicação das precauções necessárias para manter as características normais do alimento. Para os produtos congelados e resfriados devem ser informadas as temperaturas máxima e mínima de conservação e de tempo que o fabricante ou fracionador garante a qualidade do produto nessas condições. O mesmo dispositivo é aplicado para alimentos que possam sofrer alterações após a abertura das embalagens;
  8. Informação nutricional, conforme legislação vigente;
  9. Registro, quando obrigatório.

Quando embalamos os produtos na presença do consumidor, segundo o item 8.2.2 da mesma Portaria, eles devem apresentar as seguintes informações:

  1. Denominação da venda;
  2. Marca;
  3. Lista de ingredientes em ordem decrescente de proporção;
  4. Data de validade após o fracionamento ou manipulação;
  5. Indicação de precauções necessárias para manter as características normais do alimento. Para os produtos congelados e resfriados, devem ser informadas as temperaturas máxima e mínima de conservação e o tempo que o fabricante ou o fracionador garante a qualidade do produto nessas condições.

FSB –  Como os agentes cuidam da verificação desses fracionados?

Érica: Todos os estabelecimentos sujeitos à Portaria Municipal 2619/11 podem receber inspeção sanitária de rotina ou por teor de denúncia. A desobediência ao disposto no regulamento, segundo o Artigo 3º desta Portaria, configura infração sanitária, punível nos termos de legislação específica e da Lei Municipal nº 13.725, de 09 de janeiro de 2004 (Código Sanitário do Município de São Paulo).

FSB – E como os consumidores podem se proteger de fraudes?

Érica: Os consumidores podem se proteger das fraudes ao conhecerem as Boas Práticas de Controle de condições sanitárias e técnicas relacionadas aos alimentos e, ao identificar uma irregularidade, devem notificar o órgão fiscalizador do município através do site, em ouvidoria: http://ouvprod01.saude.gov.br/ouvidor/CadastroDemandaPortal.do.

E você já pensou como pode cair numa fraude nesse tipo de venda?

5 thoughts on

Alimentos fracionados: modismo ou necessidade? (Parte II: Regulamentação)

  • Ângela Maria Rogério

    As regras de rotulagem para alimentos fracionados sem a presença do consumidor também são as mesmas para alimentos pets?

  • Jacqueline Navarro

    Olá Ângela, tudo bem?

    Segundo minhas pesquisas segue: O comércio de produtos destinados à alimentação de cães e gatos na forma fracionada, à granel ou em qualquer outra modalidade em que ocorra a violação da embalagem original do produto só pode ser realizado por estabelecimentos devidamente registrados junto ao MAPA na atividade de Fracionadores. A autorização de fracionamento de produtos deverá ser solicitada ao MAPA e atender às normas dispostas no Artigo 28 do Anexo ao Decreto nº 6.296 de 2007 e demais normas de rotulagem vigentes. O registro é concedido pelo MAPA somente após aprovação das instalações, equipamentos e procedimentos adotados pelo estabelecimento fracionador no sentido de assegurar a qualidade e a inocuidade dos produtos fracionados.

    Espero ter ajudado

  • Juliana

    Olá Jacqueline!
    Gostaria de saber qual a legislação referente ao fracionamento de matérias primas na indústria de alimentos. Neste caso seria o fracionamento apenas para seguir para os processos de fabricaçao do produto final. Eu poderia utilizar a embalagem da própria empresa enquanto esses pacotes fracionados aguardam a produção ( até uma semana)? Como tratar neste caso onde o fornecedor pede para deixar o insumo acondicionado na embalagem original se eu preciso fracionar ?

  • Juliana

    O fracionamento para indústria, qual legislação seguir?

    • Jacqueline Navarro

      Olá Juliana, tudo bem?

      Eu não encontrei legislações específicas para o fracionamento. Valem as de BPF gerais, pois fracionamento é uma etapa de manipulação.
      Qualquer dúvida me escreva

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